Paraguai prepara-se para enfrentar crise com exportação de commodities e incentivo à indústria

28/10/2011 - 19h17

Ivanir José Bortot
Repórter da Agência Brasil

Assunção – Os efeitos da crise da economia europeia serão enfrentados pelo Paraguai com o aumento das exportações de commodities e o incentivo à indústria para geração de produtos com valor agregado usando o excedente da energia elétrica de Itaipu Binacional.

“O Paraguai está bem preparado macroeconomicamente, com políticas de estabilidade monetária, de controle fiscal e de valorização do mercado interno”, disse à Agência Brasil o embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo dos Santos.

O Paraguai tem uma dívida externa de apenas US$ 2,3 bilhões e conta com reservas internacionais de US$ 4,1 bilhões. O país cresceu 15,3% em 2010, com uma inflação de 7,2%, e fechou o ano com o Produto Interno Bruto (PIB) equivalente a US$ 18,3 bilhões. No entanto, o PIB dividido entre a população paraguaia, estimada em 6,5 milhões de pessoas, resultou no ano passado em uma renda per capita de US$ 2,8 mil.

A expectativa das autoridades é a de que a economia cresça cerca de 6,4% em 2011, sustentada pelas exportações de soja, carne bovina e madeira. Mesmo com algumas restrições dos importadores devido à existência de focos de febre aftosa, as exportações devem atingir 500 mil toneladas de carne, destinadas a países europeus e da América do Sul.

Santos acredita que, além da geração de renda com as commodities, a economia do Paraguai deverá receber grandes investimentos externos, inclusive do Brasil, pela oferta de energia elétrica e com a nova política de incentivo fiscal à indústria. Segundo ele, a Usina Hidrelétrica de Itaipu está levando uma linha de energia até a periferia de Assunção para atender à demanda de indústrias interessadas em se instalar no país.

“Atualmente o Paraguai desperta grande interesse no empresariado brasileiro do setor de investimentos por possuir uma lei interessante de incentivo a investimentos. E tem o regime de Maquila, mediante o qual são concedidos incentivos e benefícios de desoneração fiscal”, disse o embaixador, ressaltando que já estão instaladas no Paraguai empresas como a Petrobras, o Banco Itaú, Banco do Brasil, a TAM e outras empresas do setor de serviços.

O Sistema de Maquila é uma espécie de regime de drawback. Com ele, a empresa brasileira pode exportar matérias-primas e insumos com isenção fiscal, para produzir, em sua unidade no Paraguai, produtos de valor agregado para fins para exportação, destinados sobretudo ao mercado brasileiro. Esse tipo de operação vem ocorrendo no setor têxtil, de calçados e no farmacêutico. Uma fábrica inaugurada em Pedro Juan Cabalero, financiada pelo Banco do Brasil, produz seringas e luvas cirúrgicas para exportação ao mercado brasileiro dentro do regime diferenciado.

Outro exemplo é o de uma fábrica que produz parte do calçado esportivo que é enviado para o Brasil, onde o produto é complementado. “O regime de Maquila tem incentivado o que nós temos procurado promover no Mercosul, que é a integração de cadeias produtivas”, disse Santos.

Os investimentos na indústria devem gerar empregos qualificados além de contribuir para o aumento da exportação de produtos de valor agregado. “É claro que produtos de valor agregado são importantes para a economia paraguaia. É o que eles precisam. É um país que precisa diversificar a produção, para melhorar sua exportação.”

 

Edição: Lana Cristina