Daniella Jinkings*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O resultado da perícia de cerca de 40 quilos de tecidos que fazem parte de lixo hospitalar trazido dos Estados Unidos para o Brasil deve demorar mais de 20 dias. De acordo com a gerente interina do laboratório do Instituto de Criminalística de Pernambuco, Flávia Valéria Santiago dos Santos, a lei determina que a perícia seja feita em dez dias, podendo ser esse prazo prorrogado por igual período. No entanto, dependendo do andamento das investigações sobre o caso, o laudo pericial pode demorar ainda mais. O material apreendido, seja na alfândega brasileira ou em confecções pernambucanas, passa de 40 toneladas.
De acordo com Flávia, o material já começou a ser periciado por farmacêuticos, bioquímicos e biomédicos. “Fizemos a parte pericial, ou seja, as fotografias, a descrição dos materiais e a medição. Agora, os tecidos estão em análise química, para descobrirmos se há sangue ou outras substâncias”. O resultado das análises será enviado à Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), responsável pela apreensão do material. Os tecidos foram encontrados em galpões e lojas dos municípios pernambucanos de Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru.
A pedido do governo pernambucano e da Polícia Federal (PF), agentes do FBI (Escritório Federal de Investigação, na tradução livre) vão ajudar as autoridades brasileiras a investigar a importação irregular de toneladas de lixo hospitalar por uma empresa do polo têxtil pernambucano. Na semana passada, a Receita Federal apreendeu dois contêineres com lixo hospitalar proveniente dos Estados Unidos, no Porto de Suape, em Pernambuco.
A PF entrou no caso após o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco requisitar a abertura de inquérito para investigar a importação do lixo hospitalar. A procuradora da República Carolina de Gusmão Furtado também abriu uma investigação administrativa para decidir se cabem medidas cíveis ambientais. Já o Ministério Público do Trabalho investiga denúncias sobre a empresa de confecção Império do Forro, de que, além de não fornecer equipamentos de proteção individual aos seus empregados, empregava crianças. A Apesiva recolheu em galpões da empresa tecido com a identificação de hospitais norte-americanos.
Em depoimento à Polícia Federal em Caruaru, ontem (19), o dono da confecção pernambucana Na Intimidade, que funciona com o nome fantasia Império do Forro de Bolso, Altair Moura, negou envolvimento na importação de lixo hospitalar. Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários (Delefaz), Humberto Freire, o empresário disse desconhecer o conteúdo das acusações e apresentou provas para sustentar sua defesa. “Ele apresentou a versão dele e se defendeu das acusações, mas tudo será objeto de investigação. As alegações e a veracidade dos documentos ainda serão checadas para ver se correspondem com a verdade”, informou.
Uma loja e dois galpões que a empresa mantém em Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru foram interditados esta semana, após serem encontradas toneladas de tecido com a identificação de hospitais americanos e manchas que podem ser de sangue. As autoridades envolvidas no caso investigam se o material é parte da carga de seis contêineres que, segundo a Receita Federal, a Império do Forro recebeu desde o início do ano e que passaram pela alfândega brasileira sem ser inspecionada.
*Colaborou Luciene Cruz
Edição: Lana Cristina