Escolhas precipitadas nunca dão bons resultados, diz Cardozo sobre vaga no STF

11/10/2011 - 17h56

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (11) que a presidenta Dilma Rousseff ainda está analisando os nomes dos candidatos a assumir a vaga deixada por Ellen Gracie no Supremo Tribunal Federal (STF). A ex-ministra aposentou-se em agosto e, depois de dois meses, ainda não há perspectiva de indicação.

“Não é uma escolha simples, entre tantos nomes bons que temos no país, a escolha de uma nova ministra ou de ministro no STF. Por essa razão, ainda não temos resultado a dar, mas em breve essa informação estará definida e divulgada pela presidenta”, disse Cardozo na saída de uma solenidade no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Perguntado se a presidenta não fica tocada com as consequências da falta de um ministro, como o adiamento da análise de casos importantes em tramitação na Corte, Cardozo lembrou que a escolha deve ser feita com cuidado porque o cargo é vitalício. “Escolhas precipitadas nunca dão bons resultados. É preferível que ela forme sua convicção, que reúna elementos para que ela faça uma boa escolha. É um cargo vitalício e não se pode correr o risco de não se ter a melhor escolha em um momento como esse”.

O ministro também disse que, “em breve”, o STF receberá um novo nome, mas não disse quanto tempo levará esse processo. No último sábado (8), o Supremo completou dois meses de composição desfalcada após a saída de Ellen Gracie. Desde então, vários candidatos foram citados, entre eles as ministras Maria Elizabeth Teixeira, do Superior Tribunal Militar; Nancy Andrighi e Maria Thereza Moura, do Superior Tribunal de Justiça; e Rosa Maria Weber, do Tribunal Superior do Trabalho.

Depois de protestos pela demora na escolha do substituto de Eros Grau – entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, foram seis meses até a indicação de Luiz Fux – o meio jurídico esperava que a vaga de Ellen Gracie não tardasse a ser preenchida. A expectativa inicial era a de que o nome viesse em meados de setembro, mas as recentes viagens de Dilma para os Estados Unidos e para a Europa acabaram esfriando o assunto.

A aposentadoria de Eros Grau ocorreu no contexto da sucessão presidencial, mas, agora, a aparente falta de motivo para a demora começa a inquietar os ministros do STF, que reservadamente reclamam da sobrecarga de processos extras. O próprio presidente da Corte, Cezar Peluso, já disse que há vários assuntos importantes prontos para a pauta, mas que não pretende colocar nenhum caso polêmico em votação enquanto o plenário não estiver completo.

Além de Ellen Gracie, o tribunal também está desfalcado com o afastamento do ministro Joaquim Barbosa devido a problemas crônicos na coluna. Sua última licença médica venceu no final de agosto, mas ele ainda não retornou às sessões plenárias porque não se sente recuperado para ficar sentando durante os julgamentos.


Edição: Lana Cristina