Greve dos bancários completa 14 dias; brasilienses reclamam de dificuldades para ter acesso a serviços

10/10/2011 - 12h28

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília - A greve nacional dos bancários chega a seu décimo quarto dia hoje (10). Quase 9 mil agências de bancos públicos e privados continuam fechadas em 26 estados e no Distrito Federal, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

De acordo com o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, até agora não houve sinalização dos patrões para um acordo. Segundo ele, os bancos não deram sequer resposta à carta enviada no último dia 4 solicitando uma rodada de negociações. Já a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), braço da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), diz que a disposição de negociar com os bancários permanece. O próximo balanço da greve será divulgado hoje no final do dia.

Enquanto isso, a população que não tem como usar os serviços por meio da internet ou dos caixas eletrônicos reclama. A copeira Jocilene Alves Ferreira recebe o salário por ordem de pagamento e só pode sacar o valor mediante identificação na boca do caixa. Ou seja, uma operação que não pode ser feita no caixa eletrônico. “Tenho que esperar os bancários saírem da greve. É um transtorno. No meu caso, não tenho como usar a o internet banking”, disse.

Francimélia Teixeira de Farias foi demitida de uma empresa prestadora de serviços com mais trinta colegas de trabalho. O grupo recebeu indenização por determinação da Justiça do Trabalho. O valor foi depositado no banco, mas, segundo Francimélia, eles não conseguem sacar o dinheiro devido à greve. “Estamos dependendo do dinheiro. Estou endividada, quero quitar minhas dívidas, mas não posso”, informou Francimélia.

Já a recepcionista Silvana da Silva Fonseca relata que está com as contas atrasadas por causa de um problema na senha para uso de acesso ao internet banking. O computador do trabalho de Silvana, no qual ela acessava sua conta no banco, estava com vírus o que levou o suporte da área de informática a pedir que a recepcionista requisitasse ao banco uma nova sequência de números – uma medida de segurança para tentar evitar que a senha de Silvana caia nas mãos de criminosos que atuam na internet. O problema, agora, é que ela não consegue ser atendida em uma agência e, dessa forma, não tem acesso a uma nova senha. “A greve está me atrapalhando muito. Não consigo pagar as minhas contas, não posso acessar a internet porque há o bloqueio. Não posso pagar por meio de boletos, nada.”

Luís Carlos Fernandes, motorista, disse que entende o direito de greve dos bancários, mas reclama que o movimento não está causando prejuízo aos patrões, mas sim à população. “Acho que cada um tem os seus direitos, mas eles [bancários] precisam olhar para a população”, declarou.

 

 

Edição: Lílian Beraldo