Seppir e Ministério do Esporte preparam campanha antirracista para a Copa do Mundo

04/10/2011 - 15h47

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro -  Preocupada com as cenas de racismo ocorridas recentemente no futebol internacional, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, disse hoje (4) que negocia com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e com o Ministério do Esporte a realização de campanhas de combate à prática discriminatória durante a Copa do Mundo de 2014, que será  no Brasil.

"A CBF aceitou essa ideia com bastante alegria porque já é um trabalho feito pela Fifa [Federação Internacional de Futebol] na Europa. Portanto, teremos toda a possibilidade de reproduzir", declarou Luiza sobre a campanha, durante entrevista à imprensa no seminário Empreendedorismo e Igualdade Racial em Grandes Eventos Esportivos, realizado no Rio de Janeiro.

A ministra explicou que o "desdobramento" da campanha depende de "mais conversas" com a CBF e do envolvimento dos patrocinadores do Mundial. Caso a proposta seja aprovada, ela defende uma campanha com foco no racismo dentro e fora dos campos. "Se no futebol os negros são motivo de orgulho nacional, devemos ter a participação deles em todos os setores", afirmou.

O assessor especial do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, que participou do evento com a ministra, disse que a campanha antirracista deve ser feita às vésperas dos jogos, com o provável apoio da Fifa. Segundo ele, a organização exige "jogo limpo em todos os sentidos" e já pune clubes no caso de demonstrações de racismo por parte dos torcedores.

"Na África do Sul, antes dos jogos da última Copa, os capitães falavam de práticas limpas e coibiam o racismo. Essa é uma preocupação comum: da Fifa e do Brasil", declarou o assessor.

Na Europa, onde torcedores já chegaram a arremessar bananas em jogadores, a Confederação de Futebol Europeia (Uefa) lança no próximo dia 17 uma campanha antirracista. A ideia é realizar, durante uma semana, atividades para conscientizar atletas, dirigentes e fãs, em 40 países, com apoio da Rede Europeia contra o Racismo (Fare), que promove ações semelhantes desde 2001.

No Brasil, não há registro da realização de campanhas semelhantes, segundo informações da CBF. O movimento negro, entretanto, está atento às competições regulares e à Copa. O Conselho Estadual dos Direitos dos Negros (Cedine) do Rio defende que a Lei Caó (que tipifica o racismo como crime inafiançável) seja usada inclusive para os estrangeiros, se necessário.

"A sociedade civil será uma espécie de olhos, ouvidos e boca desse segmento [dos negros] por meio de várias entidades no Brasil", afirmou o presidente do Cedine Rio, Paulo Roberto Costa.  

 

Edição: Lílian Beraldo