Especialistas discutem no Rio formas de prevenção ao vírus HPV

29/09/2011 - 7h33

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Embora boa parte da população brasileira desconheça o papilomavírus humano (HPV), ele provoca uma das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais comuns no mundo. Estima-se que uma em cada cinco mulheres seja portadora do vírus. No Brasil, o Ministério da Saúde registra aproximadamente 137 mil novos casos a cada ano. Para discutir as formas de prevenção e o tratamento da doença, especialistas de diversos estados vão se reunir, durante três dias, a partir de hoje (29), no Rio de Janeiro, durante o HPV in Rio 2011 – 3º Simpósio Brasileiro de Papilomavirose Humana.

De acordo com o professor Mauro Romero, coordenador do Centro de Referência em Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal Fluminense (UFF) e organizador do evento, os números são alarmantes e revelam que é preciso intensificar as ações de conscientização da população sobre como evitar o contato com vírus. Segundo Romero, a infecção por HPV é responsável por 90% dos casos de câncer de colo de útero e pelo surgimento de outras doenças.

“Esse vírus causa uma série de patologias tanto no homem como na mulher, como câncer de colo do útero, na vulva, na vagina, no ânus, no pênis. São registrados no Brasil a cada ano mil casos de amputação de pênis por causa da doença. É preciso que haja uma mobilização maior para que a população, os profissionais de saúde e de educação saibam mais sobre a doença, façam a profilaxia corretamente e procurem um serviço de saúde quando surgirem os sintomas.”

Segundo ele, entre as formas mais eficientes de prevenção estão o uso de preservativo e a vacinação, que, atualmente, só está disponível no Brasil na rede privada, ao custo de cerca de R$ 300 por dose. Romero destacou que a realização de exames ginecológicos preventivos, como o papanicolau, pode identificar a doença em estágio precoce e aumentar a eficácia do tratamento.

O coordenador do centro de referência também informou que durante o evento será lançado um curta-metragem, produzido por alunos da Faculdade de Cinema da UFF, tratando do assunto de forma bem-humorada. O filme O Show de Lara, com 15 minutos de duração, está disponível, a partir de hoje, no site www.dst.uff.br.

A corretora de plano de saúde Gisele Nunes descobriu que tinha o vírus em fevereiro deste ano. Segundo ela, o diagnóstico precoce foi importante para facilitar o tratamento, mas a falta de informação sobre a doença aumentou a ansiedade.

“Eu não sabia nada sobre o HPV, nunca tinha escutado falar sobre isso. Só descobri porque percebi uma lesão pequena na vagina e procurei um médico. O tratamento durou seis meses e hoje aconselho as minhas amigas a nunca esquecer de usar camisinha, mesmo com parceiro fixo”, disse.

Segundo informações do Ministério da Saúde, há no país 6.908 postos, localizados em 2.807 municípios brasileiros, que oferecem exames gratuitos à população para prevenção e detecção do vírus, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Além do HPV, o SUS garante tratamento contra aids, sífilis, gonorreia e outras DST. Para tirar dúvidas sobre a doença, o ministério também disponibiliza o serviço Disque Saúde (0800 61 1997). A ligação é gratuita.

Edição: Juliana Andrade