IBGE lança banco de dados com informações e origem de nomes de cidades, vilas e povoados

23/09/2011 - 11h15

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O município fluminense de Varre-Sai foi por muitos anos ponto de parada de viajantes que vinham de Minas Gerais vender seus produtos no Espírito Santo. No local, havia um rancho e a dona do estabelecimento oferecia hospedagem gratuita sob a condição de que, após pernoitarem, limpassem o local antes de seguir caminho. Na porta do rancho, um lembrete escrito com carvão dizia: “Varre-Sai”. O município e a história curiosa sobre o seu nome são algumas das informações reunidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Banco de Nomes Geográficos do Brasil, lançado hoje (23).

A partir das informações reunidas na base de dados, pioneira no país, será possível conferir, por exemplo, a grafia correta de mais de 50 mil nomes de localidades do território brasileiro, entre cidades, vilas, povoados e unidades de conservação. Além disso, o acervo eletrônico traz a história da origem de nomes de diversos municípios.

De acordo com moradores do município de Varre-Sai, a história é amplamente conhecida e contada pela população. Gabriela Aparecida, funcionária de uma pousada no município, garante que a hospitalidade da dona do rancho traduz o espírito de quem vive no local.

“Aqui todo mundo é muito hospitaleiro e cordial, como a Dona Ignácia, que era dona do rancho. Essa história é contada por aqui de pai para filho e também nas escolas. Até meu filho de quatro anos já sabe o porquê do nome da nossa cidade”, disse. Segundo ela, a origem do nome do município também desperta a curiosidade dos visitantes.

“Todo mundo que chega aqui quer saber como surgiu esse nome, por isso até o cardápio da nossa pousada traz a história, escrita no cantinho”, acrescentou.

Já entre os moradores da cidade de Volta Redonda, também no estado do Rio de Janeiro, a origem do nome não é tão conhecida, segundo o agente de turismo Tiago Correia, que vive no município há 25 anos. De acordo com as informações do Banco de Nomes Geográficos do Brasil, a denominação surgiu em função do Rio Paraíba do Sul, já que a cidade encontra-se construída em torno de uma curva do rio, quase um semicírculo.

“Essa história não é muito explorada por aqui. O rio [Paraíba do Sul] é muito poluído e não dá nem para usar como referência turística”, lamentou.

Para o professor João Baptista Ferreira de Mello, do Departamento de Geografia Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), conhecer a história do lugar onde se vive é importante para reafirmar a identidade cultural da população.

“Saber a origem do nome do local onde se nasceu ou se vive é fundamental para que os habitantes fortaleçam os laços de identidade cultural entre si e com o território. Essa identidade também contribui para a elevação da autoestima dos moradores, que podem se apropriar dos fatos e perpetuá-los seja em espaços de propagação do conhecimento, como escolas, ou em rodas de conversa com amigos”, avaliou.

A coordenadora do Banco de Nomes Geográficos do Brasil, Márcia Mathias, explicou que o projeto é fruto de pesquisas desenvolvidas desde 2005. Segundo ela, o acesso às informações também vai permitir localizar mais rapidamente uma região no momento de um atendimento emergencial, agilizar os procedimentos de padronização dos nomes dessas localidades, por exemplo, para veículos de comunicação, e atender outras áreas de pesquisa que necessitem de informações sobre as regiões territoriais.

“É um banco de dados muito rico em informações e, certamente, a disponibilização do seu conteúdo será uma contribuição muito grande para historiadores, pesquisadores, atividades em escola, cultura, entre outros”, disse.

Ela acrescentou que, inicialmente, só estão disponíveis os aspectos históricos de localidades nos municípios do Rio de Janeiro e do Paraná. Até o início do ano que vem, serão incluídos dados relativos aos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. O Banco de Dados pode ser acessado no endereço eletrônico www.bngb.ibge.gov.br.

 

 

Edição: Lílian Beraldo