Para CNBB, denúncias de corrupção no governo causam "perplexidade e indignação"

11/08/2011 - 19h13

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou hoje (11) uma nota na qual declara que as denúncias recentes de corrupção no governo geram um clima de “perplexidade, insegurança e indignação”. O texto da nota, formulado pelo Conselho Episcopal Pastoral da CNBB, que está reunido em Brasília, diz ainda que “os princípios éticos da verdade e da justiça exigem exemplar apuração dos fatos com a consequente punição dos culpados, porque não se pode transigir diante da malversação do emprego do dinheiro público. Sacrificar os bens devidos a todos é um crime que clama aos céus por lesar, sobretudo, os pobres”.

A nota diz ainda que as instituições de Estado têm demonstrado solidez, mas que o aperfeiçoamento da democracia exige uma administração transparente e uma profunda reforma política.

O presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis, contudo, elogiou a atuação da presidenta Dilma Rousseff em relação às denúncias de corrupção no governo dela. De acordo com o cardeal, as demissões no Ministério dos Transportes e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Trasnportes (Dnit), demonstram que o governo está buscando mais transparência.

“O governo está no seu começo ainda e, realmente, essas medidas têm sido bastante claras, que sinalizam evidentemente para uma gestão pública muito mais transparente, muito mais honesta, porque, de fato, tem ocorrido demissões”, disse dom Assis.

Para ele, a presidenta deve ser informada antecipadamente das operações da Polícia Federal (PF), como a que prendeu 38 pessoas esta semana, suspeitas de integrar um esquema de corrupção no Ministério do Turismo. Ele lembrou que a PF está subordinada ao Ministério da Justiça e segue orientações dos superiores hierárquicos.

“Não podem ser operações arbitrárias, decididas por uma pessoa ou um grupo de policiais, mas deve ser realizada dentro de um quadro de normas que regulam as ações da Polícia Federal. Mas, é claro que é normal que a presidenta da República saiba o que está acontecendo no país. Se nós nos informamos pelos meio de comunicação, é evidente que ela também deve tomar conhecimento, talvez até com antecipação”, disse.

O presidente da CNBB cobrou, contudo, que as normas constitucionais e a dignidade humana sejam respeitadas nessas operações. Disse que é preciso aguardar a defesa dos acusados antes de condená-.los e que, uma vez concluídas as investigações e encontrados os culpados, haja punição.

Edição: Vinicius Doria