Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O faturamento real da indústria foi o único índice que apresentou aumento em junho, segundo dados divulgados hoje (8) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O crescimento ficou em 0,7% ante maio. Quando comparada ao mesmo período do ano passado, a variação foi positiva em 5,9%. Os demais indicadores recuaram ou ficaram estáveis em junho na comparação com maio.
Segundo o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, esse desaquecimento no segmento industrial é reflexo da instabilidade econômica no cenário internacional. “Temos movimento dinâmico mais fraco na indústria nesse período atual. As razões estão associadas às dificuldades da economia internacional, além da retomada ciclo de juros (taxa Selic) e das medidas macroprudenciais. Tudo isso tem o impacto de restringir e dificultar a retomada de crédito”, avaliou.
O crescimento do faturamento real, em junho deste ano em relação à maio, foi muito menor do que o registrado em junho do ano passado, na comparação com maio do mesmo ano, 11,7%.
Após ajuste da sazonalidade, o número de empregos se manteve estável em junho. No comparativo com o mesmo mês de 2010, houve acréscimo de 2,5%. A massa salarial real teve queda de 0,9% em junho ante maio. O recuo da massa salarial é atribuído à redução do rendimento do trabalhador. Na comparação com junho do ano passado, o indicador teve alta de 4,1%.
Já a utilização da capacidade instalada (UCI) dessazonalizada teve aumento de ociosidade. O indicador caiu para 82,5%, sendo que, em maio, ficou em 82,3%. Em junho do ano passado, o índice, que mostra o nível de operação das indústrias, apresentou 82,8%.
As horas trabalhadas recuaram 0,7% em junho, ante maio. Dos 19 setores industriais considerados, sete registraram variação negativa em junho. Os destaques ficam por conta dos segmentos edição e impressão (-5,1%), metalurgia básica (-2,3%), alimentos e bebidas (-1,8%) e madeira (-0,8%), entre outros.
Segundo Castelo Branco, apesar da preocupação com a queda nos indicadores, o setor industrial está otimista com a preocupação do governo federal, em adotar medidas de incentivo ao segmento industrial brasileiro visando ao aumento da competitividade do setor, com o Plano Brasil Maior, anunciado na semana passada.
“Essa perda de dinamismo preocupa, uma das razões do setor demandar uma política industrial mais ativa, voltada à recuperação da competitividade dos produtos brasileiros. Um aspecto positivo é que a política econômica demonstrou, com mais clareza, preocupação com o desempenho industrial. É mudança de postura do governo, que vê necessidade de política industrial mais ativa”, disse.
A aprovação das novas políticas, no entanto, veio com ressalvas. “O plano tem um diagnóstico correto, focando a melhoria da competitividade. No entanto, foi menos abrangente do que era necessário para ter impacto maior. Além disso, o impacto foi diluído, não tem resultado imediato”, concluiu Castelo Branco.
Edição: Lana Cristina