Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Menos de 20% dos refugiados no mundo voltam aos seus países de origem, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Há dois anos, 1 milhão de refugiados retornavam à terra natal. Atualmente, o número é inferior a 200 mil, segundo o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, que está em visita ao Brasil.
De acordo com Guterres, os conflitos e as crises que provocam a expulsão da população de seus países estão cada vez mais duradouros e sem perspectiva de solução, o que dificulta o retorno dessas pessoas. “Por enquanto, parece que estamos em um mundo descontrolado, à deriva. As crises estão imprevisíveis”, disse o comissário, durante reunião hoje (2) com integrantes do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça.
O comissário mostrou preocupação com as situações na Líbia, Síria, Costa do Marfim e no Sudão, onde milhares de pessoas estão saindo desses países por causa de conflitos com os governos locais, e, principalmente na Somália, onde grande parte da população passa fome.
Para o secretário executivo do ministério e presidente do comitê, Luiz Paulo Barreto, quanto mais tempo o refugiado fica fora de seu país, mais aumenta a chance de permanecer em outras nações por estabelecer laços com o local onde foi acolhido, como casar-se ou ter filhos.
“Ele [refugiado] cria raízes novas, passa a fazer parte da sociedade, se abrasileirar”, disse, ao lembrar os casos de pessoas que deixaram a Angola, por exemplo, com destino ao território brasileiro. “Com a reconstrução do país, muitos voltaram para lá. Outros já estavam tão acostumados e decidiram ficar no Brasil”, contou.
Segundo o Conare, o Brasil abriga 4.432 refugiados de 77 nacionalidades, sendo 64% provenientes da África.
Edição: Juliana Andrade