Área onde ocorreu deslizamento de terra em SP é de alto risco, diz Defesa Civil

07/07/2011 - 20h54

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A área do Morro dos Macacos, em Cidade Ademar, na zona sul da capital paulista, onde hoje (7) ocorreu um um deslizamento de terra, é considerada de alto risco. Segundo o capitão Valdir Pavão, do Corpo de Bombeiros, a região está catalogada como R4 (índice de risco que vai até R5).

“É uma área catalogada como risco R4, ou seja, é uma área de alto risco. Por essa razão, obras estavam sendo realizadas pela Secretaria de Habitação [de São Paulo], por meio de empresa particular, no sentido de minimizar o risco. Infelizmente, durante esse trabalho, houve o deslizamento, vindo a atingir uma área de aproximadamente 7 mil metros quadrados”, disse.

O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Paca de Lima, disse que o local ainda oferece risco de novos deslizamentos e várias moradias foram interditadas. “É um local de risco. Ainda há uma instabilidade muito grande [no terreno]. Por causa disso, interditamos 50 imóveis”, declarou o coordenador.

Segundo o coordenador, as causas do acidente ainda vão ser apuradas. Mas, de acordo com Paca de Lima, um fator que pode ter contribuído para o deslizamento é o fato de que, pela ausência de um sistema de saneamento, a água usada pelos moradores é jogada a céu aberto.

“O solo está úmido, há até lama. O pessoal costuma jogar a água de uso doméstico para baixo. Não raras vezes, o risco do escorregamento não é tanto da chuva, e sim do terreno que se mantém úmido pela água de uso doméstico que é jogada para baixo”, disse.

Para os moradores, no entanto, o que contribuiu para o acidente foram as obras que estão sendo realizadas pela prefeitura. “Minha indignação é que foi tudo planejado para não acontecer isso. Por irresponsabilidade do engenheiro e da prefeitura, aconteceu. Por que não fizeram o que a gente pediu? Remaneja todo mundo e depois retoma as obras”, declarou o vigilante Alessandro Souza Miranda, que mora no local há 12 anos e teve a casa atingida pelo deslizamento.

O secretário municipal de Habitação de São Paulo, Ricardo Pereira Leite, disse que as obras são para contenção da encosta do morro e estão realizadas há cerca de um ano e meio. “O que houve foi um deslizamento de terra no local onde estava sendo feita uma obra”, disse. Segundo ele, 422 de um total de 500 famílias já foram removidas da encosta.

O coordenador do programa Mananciais da prefeitura Ricardo Sampaio, disse que as famílias removidas da área de risco serão reassentadas em outro local.“Removemos preventivamente todas que estavam em maior grau de risco, as 422 famílias. E estamos trabalhando na eliminação desse risco. Todas as famílias serão atendidas de uma maneira definitiva. Elas serão reassentadas em uma área sem risco”, declarou.

Jair Paca de Lima revelou que os moradores sabiam que a região oferecia risco de deslizamento, mas nem todos quiseram deixar o local. “Há sempre aquelas famílias que são mais reticentes na sua saída. Cabe ao Poder Público fazer o convencimento dessas pessoas. Mas nem sempre isso é possível. Muitas vezes as famílias preferem ficar naquela área”, disse.

Os moradores, no entanto, declararam que permaneceram no local porque a prefeitura não ofereceu valor suficiente para que a remoção pudesse ser feita. “Ofereceram uma verba, só que essa verba não era compatível para a gente comprar nenhuma casa ou barraco”, disse o mecânico Fernando de Jesus, pai de duas vítimas do acidente: o menor de 3 anos de idade, que morreu, e um adolescente de 15 anos idade, que sofreu ferimentos leves e foi socorrido no Hospital Municipal de Diadema.

Um inquérito civil foi instaurado pelo promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo, Maurício Antonio Ribeiro Lopes, que pretende apurar se houve imperícia e negligência na realização das obras, como a construção de muros de contenção.

 

Edição: Aécio Amado