Ficar em casa ou viajar nas férias escolares vai pesar no orçamento da família, mostra pesquisa da FGV

05/07/2011 - 19h55

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - As férias escolares de julho chegaram e as famílias têm de decidir entre viajar ou ficar em casa para poupar uma “graninha”. Mas, para o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), qualquer das opções vai pesar no bolso dos pais, uma vez que as férias representam aumento do orçamento familiar acima da inflação média de 6,40% acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Brasil) nos últimos 12 meses. “Fica pesado tanto permanecer em casa, como viajar. Não foram só os serviços que subiram de preço”, disse Braz à Agência Brasil.

A pesquisa divulgada hoje (5) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV revela que os alimentos, em especial aqueles que compõem a lista de supérfluos e são bastante consumidos por crianças e adolescentes, como biscoitos, batatas, salsichas, subiram acima da variação média da inflação. Os incrementos observados foram, respectivamente, 9,38%, 11,46% e 10,27%.

André Braz disse que os serviços seguiram também essa tendência. “Nós sabemos que a economia está aquecida e que os serviços livres especialmente, que fazem parte do nosso dia a dia, estão acumulando alta acima da inflação média. Isso já vem de vários meses”. Ele observou que esse recorte dos serviços que as famílias vão consumir no período de férias comprova a tendência percebida até agora.

Itens como hotel, passagem aérea, refeição em restaurante apresentam elevações de 12,83%, 13,71% e 9,42%. Diante desse quadro, André Braz recomendou que a estratégia das famílias deve ser a prevenção. “Dado que esse período é previsível, todo mundo sabe quando as férias vão ocorrer, é interessante provisionar uma parte do salário mensal para essa ocasião. Para não deixar por conta do orçamento de julho a responsabilidade de bancar todas essas despesas, além das tradicionais”.

Para o economista da FGV, uma programação das despesas diminui a incidência dos aumentos percebidos ao longo dos últimos 12 meses, entre as férias de julho do ano passado até agora. “Porque a compra à vista de pacotes e serviços normalmente proporciona descontos que compensam o crescimento dos preços e, dessa forma, blindam um pouco a família dos efeitos da inflação, sem onerar muito o orçamento. Porque depois das férias, as famílias voltam para a realidade e quem contrair dívidas nesse período, de qualquer natureza, vai ter que pagá-las ao longo do próximo semestre, que é o momento que antecede as férias de fim do ano”, disse.

Para que ninguém saia endividado do mês de julho, comprometendo as próximas férias, Braz sugere que o ideal é fazer uma provisão para gastar um pouco menos. Ele esclareceu que se a opção for ficar em casa com as crianças, e escolher lazer de baixo custo, como ir à praia, por exemplo, o orçamento poderá se manter dentro do previsto. Porém, mesmo não viajando, “se a família quiser dinamizar um pouco o lazer, vai encontrar um estacionamento em shopping mais caro, refeição mais cara, entradas de teatro mais caras. Não necessariamente quem optar por ficar em casa vai perceber uma inflação mais baixa. Vai sentir aumento de preço em relação aos gastos com lazer de 2010”, declarou.

 

Edição: Aécio Amado