Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O ditado popular "uma imagem vale mais que mil palavras" começa a ganhar força na capital fluminense. Pouco a pouco, os moradores do Rio de Janeiro começam a economizar tempo e dinheiro, substituindo reclamações feitas à prefeitura por meio de ligações telefônicas pelo envio direto de fotos de seus aparelhos de celular com internet, os chamados smartphones, para uma central.
O atendimento para celulares faz parte do Disque-Rio 1746, originalmente um serviço telefônico, que engloba dez órgãos. De um total de 300 mil reclamações recebidas mensalmente pelo sistema, as demandas enviadas de aparelhos móveis são quase 5%. O serviço disponível para celulares ainda divide opiniões, mas o número de usuários cresce a cada dia.
"Observamos que as pessoas que baixam os aplicativos os utilizam mesmo. Para a gente, isso ajuda. As fotos nos dão a localização geográfica mais precisa do problema, como um buraco", diz o secretário responsável pelo serviço, Pedro Paulo. "Vendo a imagem, o técnico pode saber o tipo de máquina que vai usar e se precisará chamar as concessionárias de água ou de luz."
Acostumado a denunciar irregularidades no trânsito, do celular para o Twitter, o arquiteto da informação João Paulo Lages reclama, porém, que o Disque-Rio 1746 nos smartphones está restrito a poucos serviços. São sinais de trânsito descontrolados, poda de árvores, reparo de buracos, iluminação e focos de dengue. Para os demais, o aplicativo faz uma chamada para a central telefônica", disse ele.
"Como posso registrar que, em pelo menos dois dias por semana, o caminhão de lixo de um restaurante fecha uma das pistas do Jardim Botânico e o engarrafamento chega até o Humaitá?", pergunta João Paulo. Para ele, o serviço é válido, por ser um canal direto com a prefeitura, mas perde por restringir a mobilização da sociedade. "A população reclama onde sua voz é ouvida. Nesse caso, nas redes sociais e nos veículos de comunicação de massa, não no 1746", completou.
Usuários frequentes do Twitter pelo celular, os integrantes da Associação de Moradores de Santa Teresa (Amast) pensam de outra forma. Com uma rede de colaboradores que abastece o microblog, a Amast, que dá visibilidade a reclamações como falta de luz e de segurança e irregularidades no transporte público, quer agora incentivar os usuários e direcionar às reclamações diretamente para a prefeitura.
"Esse aplicativo para smartphone permite à pessoa canalizar imediatamente a indignação com os problemas urbanos", ressalta Abaeté Mesquita, integrante da Amast. "A pessoa pode tirar uma foto e mandar a reclamação na hora. A revolta se transforma numa ação instantânea. Se a pessoa deixa para depois, pode não fazer, porque, depois, nem sempre se lembrará ou terá tempo."
Os aplicativos permitem acompanhar o encaminhamento de cada reclamação, além de receber informações da prefeitura. Para os serviços disponíveis, além de ter o aplicativo compatível com o aparelho, é preciso informar a localização e acrescentar uma descrição da foto.
A próxima novidade do serviço 1746 deve ser a criação de salas de batepapo online para tirar dúvidas sobre impostos urbanos. "Estamos na fase de projeto", disse Pedro Paulo.
Edição: Nádia Franco//Matéria alterada às 18h10 de de julho de 2011 para correção de informação