Apesar da crise mundial, comércio cresce no Brasil em 2009

29/06/2011 - 11h09

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O número de empresas comerciais estabelecidas no Brasil, estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), subiu 4,6% de 2008 para 2009, passando de 1,402 milhão de empresas formais, para 1,466 milhão. Essas empresas tinham 1,57 milhão de unidades locais com receita de revenda, que podem ser chamadas de filiais, e geraram receita operacional líquida no valor de R$ 1,6 trilhão. Os dados são da Pesquisa Anual do Comércio (PAC) 2009, divulgada hoje (29) pelo instituto.

Embora o percentual de crescimento tenha sido menor que o registrado em 2008 em relação a 2007 (+7,83%), a expansão foi estimulada pela demanda interna, explicou à Agência Brasil o pesquisador do IBGE Luiz Andrés Paixão. Ele disse que a crise financeira internacional, que chegou ao auge em 2009, não afetou tanto o Brasil quanto as economias norte-americana e europeia.

“O Brasil teve várias medidas tomadas pelo governo para diminuir  o impacto da crise e manter a demanda interna aquecida. Com isso, o comércio continuou mantendo resultados positivos, apesar da conjuntura macroeconômica adversa”, lembrou.

Segundo o pesquisador, a sondagem mostra que não houve uma mudança estrutural muito grande do comércio de um ano para o outro. O comércio varejista, representado por 1,2 milhão de empresas formais, seguiu liderando em termos de emprego, com 6,459 milhões de pessoas ocupadas, de um universo de 8,8 milhões.

Luiz Andrés Paixão informou, porém, que embora o total de salários pagos pelo comércio de varejo tenha atingido R$ 58,9 bilhões em 2009, contra R$ 25,3 bilhões no comércio por atacado, a remuneração média foi apenas 1,5 salário mínimo, enquanto no comércio atacadista (158,7 mil empresas), a média salarial foi 2,8 mínimos.

O comércio atacadista liderou também em receita operacional líquida (R$ 677,8 bilhões), o que equivaleu a 43% da receita comercial total. “São empresas que atuam em grande escala e revendem mercadorias para outras empresas. Por isso, conseguem gerar uma receita maior”. No comércio varejista, a receita operacional líquida somou R$ 661,1 bilhões.

Entre os três segmentos do comércio pesquisados pelo IBGE, o varejo apresentou também  o maior retorno relativo por unidade monetária de produto vendida, o que significa a maior taxa de margem de comercialização (36%). Já as taxas do comércio, do atacado e do comércio de veículos  automotores, peças e motocicletas foram, respectivamente, 23% e 19%.

Vendas de combustíveis e produtos alimentícios, bebidas e fumo são os setores que se destacaram em 2009 no comércio atacadista. No comércio varejista, o setor de combustíveis e lubrificantes  também tem forte presença, acompanhado de hipermercados e supermercados. “Isso mostra a importância que os combustíveis  têm na economia. É uma atividade muito importante para o comércio."

A terceira divisão do comércio analisada pelo IBGE é o segmento de veículos automotores, peças e motocicletas, que englobou 143,5 mil empresas em 2009, totalizando receita operacional líquida de R$ 238,5 bilhões. O segmento respondeu por 855,5 mil pessoas ocupadas e pelo pagamento de R$ 10,9 bilhões em salários.

Por regiões, a pesquisa mostra que o comércio continua predominando no Sudeste. A região concentrou naquele ano 52,2% da receita gerada pela atividade comercial, enquanto a Região Norte aparece com apenas 3,6% da receita total. “Tem muito a ver com a distribuição da população dentro do país e com a atividade econômica como um todo”, observou Paixão.

Edição: Graça Adjuto