Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A maioria das negociações coletivas entre patrões e empregos teve reajustes salariais acima da inflação no ano passado, segundo o estudo Balanço dos Pisos Salariais Negociados em 2010, divulgado hoje (14) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
De acordo com o estudo, feito por meio do Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS), das 660 negociações de pisos salariais analisadas pelo Dieese no ano passado, 94% tiveram reajustes em percentuais acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador normalmente usados nas negociações de acordos coletivos. Em 2% das negociações, os aumentos foram iguais ao índice da inflação e em 4% os pisos salariais foram corrigidos em percentuais inferiores ao INPC acumulado desde a última data-base.
Segundo o Dieese, o bom resultado das negociações dos pisos salariais está vinculado ao comportamento da economia brasileira em 2010. Isso se deve, principalmente, ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 7,5%, ao aumento do salário mínimo e ao crescimento do emprego formal.
O0 maior reajuste salarial concedido no ano passado representou um ganho real de 34,3% acima do INPC, contatou o estudo do Dieese. O menor teve perda real de 8,6%. Ambos foram observados no setor industrial. O destaque foi o setor rural, onde todos os pisos analisados tiveram aumento acima da inflação.
Embora a maioria dos reajustes tenha sido acima da inflação, a maior parte das negociações de pisos acompanhadas pelo Dieese no ano passado se concentrou nas menores faixas salariais. Quase um terço do pisos negociados no ano passado tinha valor de até R$ 550 e metade não passava dos R$ 600. Os pisos superiores a R$ 1.000 representaram apenas 6% do total analisado. O menor valor de piso salarial registrado em 2010 foi de R$ 510, equivalente ao salário mínimo vigente no período, e o maior chegou a R$ 2,6 mil. O valor médio do piso foi R$ 669,16 no ano passado, superior a 2009, quando o valor médio do piso foi R$ 611,89.
“Se, por um lado, observa-se um quadro positivo de valorização dos pisos salariais via aumentos reais, por outro é notável como ainda são baixos os salários de entrada de boa parte dos trabalhadores brasileiros”, diz o Dieese.
Dos 660 pisos analisados, 639 envolviam funções para as quais não era necessário ter nível universitário para desempenhá-las. Para quem tem nível superior, o piso salarial médio no ano passado foi R$ 1.356,08. Para os trabalhadores que não tinham faculdade, o piso médio foi R$ 646,58.
No ano passado, o salário mínimo necessário para cobrir as despesas dos trabalhadores deveria ser R$ 2.110,26, valor 4,14 vezes superior ao mínimo do período (R$ 510).
Edição: João Carlos Rodrigues