Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Pedro Simon (PMDB-RS) sugeriu hoje (1º) que o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, se afaste do cargo. Ele deu a sugestão em discurso no plenário do Senado, ao falar que amanhã (3) o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deverá dizer sobre as explicações dadas por Palocci a respeito do aumento recente de seu patrimônio. “Ministro Palocci, Vossa Excelência deveria se afastar. Afaste-se do cargo, hoje ou amanhã”, disse.
O senador lembrou casos anteriores em que ministros da Casa Civil foram afastados do governo, como na época do presidente Itamar Franco, em que o então ministro Henrique Hargreaves, sob denúncias de irregularidades, deixou o cargo e voltou após ter provado a sua inocência e encerradas as investigações. Simon também citou o maior escândalo do governo Lula, em que o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, saiu do governo após denúncias de corrupção e a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI).
Para o senador, Palocci está colocando a presidenta Dilma Rousseff em uma “situação delicada”, que pode levar a uma CPI danosa para o governo. Além disso, na opinião dele, o PT e o PMDB também têm tido cada vez mais problemas para evitar que o ministro seja obrigado a comparecer ao Congresso para dar explicações. “Meu amigo Palocci, já está ficando feio para o PT e o PMDB impedir que Vossa Excelência venha depor no plenário ou em uma comissão, porque isso é o normal. Nós estamos em uma democracia”.
Simon não é o primeiro senador da base aliada do governo a pedir a saída do ministro da Casa Civil. A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) também exemplificou o caso do ex-ministro Hargreaves como sugestão para que Palocci faça o mesmo. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi outro com opinião idêntica a de Simon e Ana Amélia Lemos e, inclusive, assinou o pedido de CPI para investigar Palocci.
O secretário nacional de Comunicação do PT, André Vargas, disse hoje que as explicações de Palocci ajudariam o governo a superar sua maior crise até o momento. “Ele, indo a público, ajuda, não tem nenhum tipo de impedimento. Ajudaria a superar a crise”, afirmou Vargas, que em seguida ressaltou que os petistas não têm dúvida sobre a inocência do ministro
Apesar disso, a posição do governo no Congresso continua a de aguardar o pronunciamento do procurador-geral Roberto Gurgel a respeito das informações fornecidas por Palocci. Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o discurso de Simon não representa o pensamento da base aliada. “O Simon sempre foi de oposição, nunca foi da base”, disse.
Para o senador piauiense Wellington Dias (PT), nas reuniões fechadas com a bancada do PT no Senado e com correligionários, Palocci conseguiu convencer a todos de que não houve ilegalidade na sua evolução patrimonial. Por isso, ele deve falar publicamente sobre o assunto."Ele deu informações convincentes para construção do seu patrimônio. Pessoalmente, vejo que, se foi possível convencer a mim e a várias outras lideranças, como não é possível vir a público e convencer a opinião publica", afirmou.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) também disse que o ministro Palocci é um quadro importante do governo Dilma e que suas atividades de consultoria não foram ilegais. “Não há ilícito se não há uma lei que previamente o defina. O PMDB não vai participar de nenhuma conspiração para fragilizar, nem expor o governo”, afirmou.
Edição: Aécio Amado