Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No almoço oferecido hoje (26) pela presidenta Dilma Rousseff aos senadores petistas, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu a palavra, ao final do encontro, para dar explicações sobre sua evolução patrimonial. De acordo com líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), Palocci adiantou aos colegas de partido as explicações que dará ao questionamento feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
"As suas respostas à Procuradoria-Geral da República serão as mesmas que ele nos deu. Nos sentimos contemplados porque as respostas foram consistentes. Nada do que foi colocado ao publico é consistente e com provas contra Palocci", declarou Humberto Costa ao sair do encontro.
O almoço foi oferecido por Dilma como uma das primeiras tentativas de articulação com a base aliada no Senado, que será responsável agora por conduzir a votação do Código Florestal, aprovado na Câmara dos Deputados na terça-feira (24).
"Discutimos sobre o Código Florestal, e Dilma manifestou posição firme de que é necessário se ter um texto capaz de beneficiar ao mesmo tempo preocupações com meio ambiente e também com a produção agrícola. A preocupação que ela nos manifestou é que, como foi votado na Câmara, ensejará questionamentos internacionais à posição do Brasil. As chamadas barreiras ambientais. Países deixarão de comprar produtos brasileiros pelo fato de termos adotados medidas consideradas antiambientalistas", disse Humberto Costa.
Além da votação do código, o governo também precisa enfrentar um pedido de convocação do chefe da Casa Civil e um movimento para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar a evolução patrimonial do ministro Palocci. Embora a oposição não tenha assinaturas suficientes para aprovar esses pedidos, o governo teme que uma cisão na base possa favorecer o pleito da oposição.
De acordo com os senadores petistas, a atitude da presidenta demonstra uma clara posição dela e de seus ministros de se colocarem mais acessíveis aos parlamentares, uma das principais demandas de deputados e senadores da base governista.
"Essa questão foi registrada também durante o almoço. Nós fizemos a presidenta ver que é necessário que tenhamos um acesso mais fácil, que possamos ter mais conversas com as pessoas do governo que estão à frente desses debates. Em nenhum momento houve contraposição a essa idéia", disse Costa.
No almoço, de acordo com Costa, ficou clara a necessidade de no Senado se adotar uma estratégia diferente da que o governo utilizou durante as negociações com a Câmara. "Ter dois polos enfrentando-se não é o caminho. A permanecer esse texto da forma que veio da Câmara, os próprios produtores rurais serão prejudicados. Vamos conversar com todos os senadores. Não só com os líderes", disse o senador.
Dos 15 senadores do PT, oito compareceram ao encontro: Eduardo Suplicy (SP), Marta Suplicy (SP), Delcídio Amaral (MS), Lindberg Farias (RJ), Gleisi Hoffmann (SC), Humberto Costa (PE), Ana Rita (ES) e Paulo Paim (RS). Além de Palocci, também foram ao almoço o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, e o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Edição: Fernando Fraga