Países muçulmanos contarão com ajuda financeira do FMI e do Banco Mundial, diz Obama

19/05/2011 - 18h34

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Com elogios à coragem dos manifestantes no Oriente Médio e Norte da África, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou hoje (19) que o governo norte-americano ajudará financeiramente os países muçulmanos que passam por mudanças. Obama disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial serão acionados para colaborar com estes governos, sem mencionar, no entanto, valores ou números. Ele também afirmou que serão feitas parcerias para a exploração de petróleo na região.

Em discurso no Departamento de Estado norte-americano, em Washington, o presidente justificou os ataques aéreos na Líbia, promovidos pela Organização do Tratado de Atlântico Norte (Otan) com o apoio dos Estados Unidos. Ele disse que os ataques foram uma reação às iniciativas do presidente líbio, Muammar Khadafi, que ameaça os civis do país.

“O exemplo mais extremo é o da Líbia onde Khadafi lançou uma guerra contra seu próprio país”, disse Obama. “Na Líbia, percebíamos um massacre iminente e o povo líbio pedia nossa ajuda. Se não fosse a nossa ajuda, milhares seriam mortos. Quando Khadafi sair do poder, a transição para a Líbia democrática ocorrerá.”

Obama afirmou que, nos próximos dias, o governo vai retirar do Afeganistão os militares americanos, que estão no país desde outubro de 2001, quando os Estados Unidos resolveram promover uma campanha internacional contra o terrorismo em busca de suspeitos de terem colaborado com os atentados de 11 de Setembro – quando aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas, em Nova York, e o Pentágono, em Washington.

Ele ressaltou que a consolidação da democracia depende de um processo político-eleitoral legítimo, de instituições com credibilidade e de uma economia que se sustente. Para Obama, o povo norte-americano deve apoiar os protestos nos países muçulmanos porque os Estados Unidos nasceram do resultado de uma reação ao poder do governo colonial do Reino Unido.

“Para o povo americano, essas manifestações são familiares. A nossa nação foi fundada a partir de uma rebelião contra o Império [Britânico]. Todos os homens são criados para serem iguais. Essas palavras têm de guiar nossa direção. Não será fácil, não há linha reta para a mudança. Temos de ficar do lado daqueles que lutam para construir sua nação”, disse o presidente americano.

No discurso, Obama citou a crise que começou na Tunísia, chamada por ele de “vanguarda”, que se estendeu ao Egito e, depois, para a Síria, Líbia, o Bahrein, Iêmen, Irã e Iraque. Segundo ele, as situações mais graves estão nos governos dos presidentes da Síria, Bashar Al Assad, e da Líbio, Muammar Khadafi.

Contrariando as suspeitas levantadas por líderes muçulmanos, Obama afirmou que as manifestações no Oriente Médio e Norte da África foram espontâneas e não contaram com o estímulo dos Estados Unidos. “Temos de ter um senso de humildade. Não foi a América [os Estados Unidos] que colocou as pessoas nas ruas, em Túnis e no Cairo. Cada país deve determinar sua democracia”.

Edição: Lana Cristina