Pedido de demissão coletiva no HUB foi causado por crise financeira, diz diretor interino

03/05/2011 - 21h52

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O vice-reitor da Universidade de Brasília (UnB), João Batista de Sousa, que assumiu interinamente o comando do Hospital Universitário de Brasília (HUB), apresentou hoje (3) uma versão diferente para o pedido de demissão coletiva da diretoria do hospital. Sousa afirmou que o pedido de demissão foi em função da pressão diante da crise financeira que o hospital enfrenta (a falta de materiais hospitalares deixou o centro cirúrgico do HUB fechado por cerca de dez dias).

Ontem (2) ao apresentar a demissão coletiva, os diretores disseram, por meio de nota, que a causa da saída foi em função de “divergências ideológicas” com a reitoria da UnB sobre a Medida Provisória (MP) 520, em tramitação na Câmara dos Deputados.

A MP, que pretende criar a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), prevê também um novo modelo de gestão para os hospitais universitários que está sendo criticado pelas entidades sindicais da categoria. O comando da empresa seria do Ministério da Educação (MEC).

Sousa, no entanto, acrescentou que a saída ocorreu também porque a equipe “perdeu a credibilidade perante a comunidade”. “A direção anterior conduziu o hospital da maneira que ela entendia como correta, e trouxe alguns avanços importantes. Mas não satisfez o dia a dia da comunidade acadêmica”. E ressaltou que a demissão coletiva não tem ligação com a medida provisória já que a UnB ainda não tem posição oficial sobre o assunto.

Mas, de acordo com Gustavo Romero, ex-diretor-geral do HUB, nas discussões internas a UnB apoia a criação da Ebserh. Ele destacou que os hospitais universitários estão sempre enfrentando algum tipo de crise em função do subfinanciamento, e reafirmou que a saída se deu por motivos ideológicos.

“Essa visão é minimalista. A base da nossa demissão é ideológica. A MP precisa ser discutida e a universidade precisa se posicionar se é contra ou a favor. Essa situação criava uma divergência ideológica entre nós e eles [reitoria da universidade]. Acaba forçando quem está na ponta a engolir o que o MEC propõe”, disse Romero.

Segundo o MEC, a criação da Ebserh é uma tentativa de regularizar a situação dos hospitais universitários, cujas contas estão sendo questionadas pelos órgãos de fiscalização e controle. Hoje, boa parte dos funcionários dos hospitais é contratada por meio de fundações de apoio ou por outras modalidades de terceirização, consideradas ilegais. Essa função seria assumida pela Ebserh. Mas, os sindicatos alegam que a MP levaria à privatização dos hospitais universitários.

Sousa permanecerá à frente do HUB até 16 de maio. Até lá um novo nome será escolhido pela reitoria, com indicação da Faculdade de Medicina da UnB.

 

Edição: Aécio Amado