Chanceler não traiu regime, diz filho de Khadafi

05/04/2011 - 8h32

Da BBC Brasil

Brasília – Apontado como o sucessor político do presidente da Líbia, Muammar Khadafi,  Saif Al Islam Kadhafi afirmou que nem ele nem seu pai se sentem traídos pelo ex-ministro das Relações Exteriores do país, Moussa Koussa. O ex-chanceler, que deixou a Líbia na semana passada e está em Londres, na Grã-Bretanha, informou que não tem a  intenção de retomar suas funções na Líbia.

Saif Al Islam Kadhafi afirmou que Koussa viajou à Grã-Bretanha por motivo de saúde e que o ex-ministro está “muito doente”. Segundo ele, o ex-chanceler sofre pressões por parte das autoridades britânicas para dar informações sobre o regime de Khadafi.

De acordo com o filho do líder líbio, Moussa Koussa recebeu autorização para deixar a Líbia. Islam negou que Koussa tenha detalhes incriminadores a respeito do atentado de Lockerbie ou de outros incidentes que contariam com a participação do governo de seu pai.

O atentado de Lockerbie ocorreu em 1988 e provocou a explosão - sobre a cidade escocesa (Lockerbie) - de um avião que ia de Londres para Nova York. O incidente provou a morte de 270 pessoas. ''Os britânicos e os norte-americanos sabem sobre Lockerbie, eles sabem tudo sobre Lockerbie, então não há mais segredos'', afirmou o filho de Khadafi.

Promotores escoceses pretendem entrevistar Koussa sobre o seu suposto envolvimento no ataque de Lockerbie. A Líbia admitiu responsabilidade pelo atentado, em uma carta enviada ao presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 2003.

Em 2001, Abdelbaset Mohamed Ali Al Megrahi, um ex-oficial da área de inteligência líbia, foi condenado à prisão perpétua como o principal responsável pelo atentado. Mas ele foi  libertado pelas autoridades escocesas em 2009, por razões humanitárias, já que estava com câncer de próstata.

O episódio despertou grande polêmica na Grã-Bretanha e suscitou dúvidas sobre os reais motivos da libertação, com alegações de que um acordo de bastidores teria sido costurado pelo então governo trabalhista britânico e o governo de Khadafi, com vistas a romper o isolamento em que o regime líbio se encontrava.

Os combates entre forças de oposição e tropas leais ao regime prosseguem na Líbia. Pessoas que fugiram da cidade de Misrata, a única grande cidade do Oeste da Líbia, que ainda está sob controle da oposição, relataram que correligionários de Khadafi praticaram atrocidades contra civis para tentar retomar o controle.

Segundo um morador de Misrata, havia corpos espalhados pelas ruas e os hospitais estão sobrecarregados. No domingo, um navio contendo mais de 250 pessoas feridas vindas de Misrata chegou a Benghazi.