Brasil não deve enfrentar acidente nuclear como o do Japão, diz presidente da Cnen

23/03/2011 - 14h18

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília - O Brasil não deve enfrentar acidentes nucleares como o ocorrido na Usina de Fukushima, no Japão, segundo o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves. “Não pode acontecer nada similar aqui no Brasil. Isso só aconteceu no Japão porque as usinas não estavam preparadas para um acidente daquela magnitude, seja altura da onda ou intensidade do terremoto”, explicou durante audiência pública na Câmara, que debateu a questão nuclear brasileira

Ele explicou que a estrutura dos prédios das usinas Angra 1 e Angra 2 estão preparadas para resistir a terremotos de até 4 graus na escala Richter e que há diques ao redor do local para enfrentar ondas de até 8 metros de altura. “Coisas que jamais vão acontecer no Brasil. É apenas a margem de segurança”, disse.

Mesmo assim, garantiu que “se tudo falhar”, os prédios onde estão os geradores são à prova de inundação. Além disso, há estudos aprofundados sobre o solo na região. “A probabilidade de um evento desse vir a interferir é desprezível, muito baixa”, comentou.

O presidente da Cnen disse ainda que os rumos que o programa nuclear brasileiro irá tomar dependem de decisões do governo. “Neste momento, até onde nós sabemos, não existe razão nenhuma para qualquer mudança no programa nuclear brasileiro”, disse.

Para ele, medidas tomadas por países como a Alemanha, que anunciou o fechamento temporário de sete usinas nucleares, são “precipitadas”.

“Precisamos aguardar para saber o que vai acontecer. Neste momento, tomar atitudes como a que a Alemanha tomou me parece precipitado. É importante que tenha mais dados”, disse lembrando que as informações, por enquanto, são desencontradas e inconsistentes.

O presidente das Indústrias Nucleares Brasileiras, Alfredo Trajan Filho, também garantiu a segurança dos equipamentos e materiais que abastecem Angra 1 e Angra 2. Segundo ele, a última auditoria, feita em março, atesta que as atividades são praticadas de forma eficiente e limpa.

“Cada um dos materiais é testado indefinidamente para que tenha a garantia de que o material usado no combustível resistirá a toda e qualquer condição de operação do reator”, explicou.
 

Edição: Lílian Beraldo