Dilma diz a Obama que tradição de paz do Brasil credencia o país para a ONU

19/03/2011 - 16h26

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Ao fazer uma declaração conjunta, ao lado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (19) que a tradição pacífica do Brasil credencia o país a participar de uma necessária reforma na Organização das Nações Unidas (ONU). A reforma mencionada pela presidenta refere-se a uma maior participação dos países emergentes, como o Brasil, no Conselho de Segurança da ONU.

“No caso da reforma da ONU, temos a oportunidade de nos antecipar. Esse país tem compromisso com a paz, com a democracia e com o consenso. Esse compromisso não é algo conjuntural, mas é integrante dos nossos valores: tolerância, diálogo, flexibilidade. É princípio escrito na nossa Constituição, na nossa história, na própria natureza do povo brasileiro. Temos orgulho de viver em paz com os nossos dez vizinhos há mais de um século”, disse a presidenta, que citou a atuação do Brasil para consolidar no continente a União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Dilma informou ao presidente sobre o tratado de constituição da Unasul que entrou em vigor nesta semana e disse que o país está “empenhado” na consolidação da instituição no continente. “O Brasil está empenhado na consolidação de um enredo de paz, segurança e democracia, cooperação e crescimento com justiça social. Nesse ambiente é que devem frutificar as relações entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse a presidenta na declaração conjunta no Palácio do Planalto.

Já Obama adotou um tom mais cauteloso ao falar da vontade do Brasil de ter um assento permanente no conselho. Ele não negou, mas também não deu apoio explícito. "Continuamos a trabalhar com o Brasil para que reformas permitam tornar o Conselho de Segurança um órgão mais eficiente e eficaz", disse o presidente dos Estados Unidos após a declaração de Dilma.

Ao falar das relações que pretende estabelecer com o governo dos Estados Unidos, Dilma ressaltou que espera que seja uma “relação entre iguais”. “Tem que ser uma construção entre iguais, por mais distintos que sejam esses países em território, população, capacidade produtiva e poderio militar. Somos um país de dimensões continentais, que trilham o caminho da democracia. Somos multiétnicos e em nosso território convivem distintas e ricas culturas, cada um à sua maneira”.

“Vejo com muito otimismo nosso futuro comum. No passado, esse entendimento esteve muitas vezes encoberto por uma retórica vazia que iludia o que estava verdadeiramente em jogo entre nós. Uma aliança entre os nossos dois países, sobretudo, se ela se pretende estratégica, é uma construção comum”, ressalvou a presidenta.

Edição: Juliana Andrade