Usinas nucleares brasileiras seguem padrões internacionais conforme o risco de tremores da região

11/03/2011 - 19h29

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – As usinas nucleares brasileiras seguem padrões de segurança internacionais, que consideram as condições sísmicas da região onde estão instaladas, garantiu hoje (11), à Agência Brasil, o coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear, José Manuel Diaz Francisco.

O nível de sismicidade que as usinas do Brasil, localizadas em Angra dos Reis (RJ), suportam é o recomendado pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), que vale ainda para os Estados Unidos e a Alemanha. “E também, internamente, é o nível esperado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear [Cnen], que é o órgão regulador brasileiro”.

Nesta madrugada, a costa nordeste do Japão foi atingida por tsunamis, em decorrência de um terremoto, e duas usinas nucleares foram afetadas diretamente, de 11 existentes na região. Como medida preventiva, todo o conjunto de unidades nucleares foi desligado automaticamente e está em processo de monitoramento.

“Inclusive, eles implementaram o plano de emergência, que é um plano preventivo, para que todos tomem conhecimento e saibam o que está acontecendo”, explicou Diaz Francisco. Todas as organizações que participam do processo estão em alerta. O Japão possui 54 usinas nucleares em operação.

Segundo o coordenador da Eletronuclear, no Brasil, a sismicidade é calculada por dados técnicos e científicos e uma das condições para o licenciamento das usinas é a aceleração da gravidade proveniente de um abalo sísmico. No Brasil, esse quesito é calculado em ponto1g (.1g). “No Japão, elas [as usinas] começam em ponto4g [.4g]. Então, o que eu tenho a dizer sobre isso é que as usinas têm um projeto, levam em consideração os possíveis abalos sísmicos daquela região. E nós podemos ter a tranquilidade de que elas têm esse projeto seguro”.

Diaz Francisco lembrou que, ao contrário do Japão, a posição das camadas de rocha no subsolo, na região do Brasil – onde há a fenda entre o país e o Continente Africano, no Oceano Atlântico – faz com que as rochas se afastem, diminuindo a possibilidade de um tsunami. Os países sul-americanos que se encontram em alerta por causa do terremoto do Japão estão localizados no Oceano Pacífico, como o Chile, por exemplo. “Mas, não do nosso lado, porque nós não temos essa possibilidade de tsunami do lado direito”, observou.

O coordenador disse que a situação do Japão será acompanhada pela Eletronuclear. Ele destacou que não houve, até o momento, registro de vazamento de material radioativo na região afetada pelo tsunami no Japão. As duas usinas que registraram anormalidades não tiveram comprometida a parte nuclear.

Diaz Francisco contou que uma delas teve um incêndio do lado da turbina, em parte convencional, e a outra apresentou um distúrbio nas linhas de transmissão, o que provocou uma perda no suprimento elétrico interno e externo. “Mesmo assim, as usinas estão dimensionadas para conseguir operar”. O coordenador disse, ainda, que não houve nenhum abalo que mexesse com a estrutura das usinas. “Isso demonstra que os projetos das usinas levam esses aspectos em consideração. Como os nossos, em Angra dos Reis, levam também”.

Edição: Lana Cristina