Presença policial e de representantes do governo reduz tensão em Anapu no Pará

21/01/2011 - 17h26

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - A forte presença policial e a notícia de que representantes do governo federal, entre eles o ouvidor agrário nacional, Gercino da Silva Filho, visitarão a cidade de Anapu (PA) na próxima terça-feira (25), amenizou a tensão entre trabalhadores rurais assentados no Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperança, madeireiros e um grupo de trabalhadores contrários ao que classificam como um excessivo rigor ambiental.
 
Segundo o titular da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários, José Humberto de Melo Júnior, o clima em Anapu, hoje (21), está mais tranquilo que na semana passada, quando assentados bloquearam as estradas de acesso ao assentamento em protesto contra a falta de fiscalização de órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e contra a presença de madeireiros na área. Mesmo assim, o delegado atesta que a situação ainda merece atenção.

“Como há muito policiamento eu não acredito que vá haver algum confronto violento, mas imagino que a reunião da próxima terça-feira vai ser tensa”, disse o delegado, referindo-se à reunião que ocorrerá em Anapu, no próximo dia 25, com a presença do ouvidor agrário nacional e de representantes da Secretaria Especial de Direitos Humanos e do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra).
 
De acordo com o delegado, os dez agentes da delegacia especializada de Marabá (PA) constataram o clima de tensão assim que chegaram a Anapu, na tarde da ontem (20). Com a missão de reforçar a segurança local e conter um eventual confronto, eles vêm fazendo rondas preventivas e montaram barreiras policiais para apreender armas de fogo. Onze policiais federais e 12 agentes da Força Nacional estão na cidade desde esta quarta-feira (19).
 

O delegado disse que a equipe da delegacia especial constatou que a retirada irregular de madeira de dentro da área destinada ao assentamento se dá com a autorização de alguns assentados. “Percebemos que existe uma disputa interna entre os próprios assentados e que os madeireiros estimulam este conflito”.
 

Ontem, o grupo contrário à exigência dos assentados de que o Incra instale guaritas com seguranças privadas no Assentamento Esperança bloqueou a Rodovia Transamazônica. O protesto durou poucas horas, mas só foi encerrado após a confirmação da ida dos representantes do governo federal à região, na próxima terça-feira (25).

Localizado a 50 quilômetros do centro de Anapu, o Assentamento Esperança se tornou mundialmente conhecido em 2005, quando a missionária católica norte-americana Dorothy Stang foi morta a tiros por assassinos de aluguel. Dorothy foi uma das idealizadoras do projeto de destinar terras para que trabalhadores rurais desenvolvessem projetos sustentáveis na Amazônia. Vinte por cento da área do projeto é destinada ao assentamento dos trabalhadores rurais, enquanto os outros 80% formam uma reserva natural coletiva.
 
Para a delegada chefe da Polícia Federal, Patrícia Helena Shimada, embora as relações em Anapu sejam normalmente tensas, o assunto não deve ser tratado como mais um caso de polícia. “Essa é uma questão que deve ser tratada dentro do governo. À PF compete apenas atuar como polícia judiciária na questão ambiental, procurando coibir os crimes ambientais".
 


Edição: Rivadavia Severo