Produção de aço brasileira cai 7% em setembro, enquanto importações sobem mais de 160% em volume

20/10/2010 - 19h21

 

Alana Gandra

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro - Números divulgados hoje (20) pelo Instituto Aço Brasil (IABr) mostram que a produção brasileira de aço bruto caiu 7% em setembro deste ano em comparação ao mês anterior, totalizando 2,7 milhões de toneladas. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a retração foi de 1,2%.

 

Já a produção de laminados alcançou 2,1 milhões de toneladas, apresentando elevação de 6,2% em comparação a setembro do ano passado. Em relação a agosto deste ano, houve redução de 1,1%.

 

A queda, porém, não é significativa, na avaliação do presidente executivo do instituto, Marco Polo de Mello Lopes. Ele disse que a redução da produção pode estar ligada a algum grau de paralisação das usinas para efeito de manutenção. “Não é nada que represente algum nível de preocupação. A gente continua com aquela estimativa de recorde de consumo, a produção mantendo os níveis esperados e o que preocupa, isso, sim, são as importações”, manifestou.

 

Os dados acumulados pelo IABr até setembro de 2010 revelam acréscimo de 34,4% na produção de aço bruto, que atingiu 24,8 milhões de toneladas, e de 40,3% na produção de laminados (19,7 milhões de toneladas) em relação a igual período de 2009.

 

No mercado doméstico, as vendas de aço em setembro registraram queda de 2% sobre agosto, mas mostraram crescimento de 7,9% em comparação a setembro do ano passado. No acumulado janeiro/setembro, as vendas internas subiram 42%, somando 16,3 milhões de toneladas.

 

Ainda segundo o IABr, enquanto as exportações siderúrgicas apresentaram até setembro retração de 5% em termos de volume e incremento de 10,6% em valor, as importações subiram 160,2% em volume no ano, na comparação com o mesmo período anterior.

 

O setor siderúrgico brasileiro está preocupado com o crescimento das importações de aço. Marco Polo afirmou que, de um lado, o quadro é favorecido pela questão cambial, “que afeta o país como um todo”. Disse que a apreciação do real está em torno de 20% , “no mínimo”, enquanto a desvalorização do yuan (moeda chinesa) alcança cerca de 40%. “Só nessas duas variáveis você tem uma vantagem cambial de mais de 70% para as exportações chinesas, o que é impossível de acompanhar”.¨

 

Segundo Marco Polo, de outro lado existe a guerra fiscal entre os estados visando a atrair mais empreendimentos. “Com isso, você tem reduções do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMs) para patamares também que são inaceitáveis. Nós entendemos, inclusive, como ilegal”. Além disso, o mercado internacional está com excedentes significativos em função da expectativa de elevação do preço, o que não ocorreu. Todos esses fatores favorecem as importações, explicou.

 

Os dados do IABr revelam, também, aumento de 19,5% no consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos em setembro e de 55,4% no acumulado dos nove primeiros meses do ano.

 

Edição: João Carlos Rodrigues