Mortalidade infantil melhora, mas mortalidade materna, saúde do homem e do idoso preocupam

03/10/2010 - 10h47

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A saúde pública é um dos assuntos mais cobrados pelos eleitores brasileiros em períodos que antecedem o pleito. É também um dos temas considerados prioritários em palanques e em debates entre os três principais presidenciáveis.

A candidata Dilma Rousseff (PT) propõe a desoneração de medicamentos, a universalização do tratamento para hipertensão e diabetes e o fortalecimento o Sistema Único de Saúde (SUS). José Serra (PMDB) quer a criação de Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs), de Centros de Tratamento de Dependentes de Drogas e do programa Mãe Brasileira de assistência a gestantes. Já Marina Silva (PV) defende a universalização dos serviços de atenção básica e a expansão das farmácias populares.

A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) estimou que 77% dos brasileiros autoavaliam seu estado de saúde como “muito bom ou bom”, enquanto 18,9% registraram “regular” e 3,8% “ruim ou muito ruim”. Entretanto, dados do próprio Ministério da Saúde alertam para a necessidade de atenção especial a alguns segmentos da população como idosos, homens e gestantes.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) verificou que, conforme a idade aumentava, a estimativa de pessoas que avaliaram seu estado de saúde como “muito bom ou bom” diminuía. Para grupos etários com 65 anos ou mais, por exemplo, o percentual caiu para 42%.

Cálculos para o futuro do país preocupam – a estimativa é que, em 2050, a população brasileira com mais de 60 anos some 63 milhões de pessoas. De acordo com o ministério, as quedas acidentais têm assumido dimensão de epidemia entre os mais velhos. Em 2009, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou um total de R$ 57,61 milhões com internações (até outubro) e R$ 24,77 milhões com remédios para tratamento da osteoporose.

Apesar de apresentarem menores taxas de quedas e internações na velhice, os homens registram um desempenho inferior ao das mulheres na saúde em geral – eles chegam a viver uma média de 7,6 anos a menos. A principal causa de mortes entre o sexo masculino são as doenças isquêmicas do coração, como o infarto agudo do miocárdio, seguidas pelas doenças cerebrovasculares e por homicídios.

O padrão de ocorrência de mais mortes de homens do que de mulheres repete-se em todas as regiões do país. Eles chegam a representar 52,9% do total de pessoas internadas em todo o país. Uma das maiores dificuldade enfrentadas pelo ministério é que a maioria dos homens só procura o consultório quando o problema já se agravou, no lugar de apostar no cuidado e na prevenção.

Um destaque positivo no raio-x da saúde é que o Brasil integra um grupo de 68 países em condições de atingir a quarta meta dos Objetivos do Milênio – chegar à taxa de 14,4 mortes para cada mil nascidos vivos até 2012. Atualmente, a taxa brasileira está em 18 óbitos (2007) – uma redução de mais de 60% se comparada ao índice de 1990, quando as mortes somavam 47,1 para cada mil nascidos vivos.

Dados do ministério revelam que a queda na mortalidade infantil se deve ao aumento da cobertura vacinal e ao uso de terapia de reidratação via oral. O número de consultas de pré-natal também aumentou – passou de 8,6 milhões em 2003 para 19,4 milhões em 2009, um aumento de 125%.

A partir de 2003, a mortalidade materna chegou a ser definida como um evento de notificação obrigatória para estados e municípios. Ainda assim, a redução das taxas foi mínima – de 76,2 mulheres mortas a cada mil nascidos vivos em 2004 para 75 óbitos em 2008.

Para atingir a quinta meta dos Objetivos do Milênio, que trata de melhorias na saúde materna, o Brasil precisa alcançar o percentual de 35 mortes por 100 mil nascidos vivos.

 

Edição: Lílian Beraldo