Cúpula da área de segurança pública do Rio quer ajuda da população para combater criminalidade

31/10/2009 - 16h06

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As liderançascomunitárias do Rio de Janeiro e a cúpula da segurança pública doestado deram hoje (31) um importante passo para uma parceria que podefrear o tráfico de drogas nas favelas. Em um seminário promovidopela Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério daJustiça, representantes das comunidade e autoridades discutiramformas de diminuir a distância entre eles e trabalhar juntos paracombater a violência.O secretário deSegurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, abriu oencontro destacando que “os conselhos comunitários devem ser osolhos da polícia nas favelas” e que os moradores precisam procuraros comandantes das áreas para informar sobre fatos que ocorrem noslocais onde moram.“A gente precisa dacomunidade, porque segurança pública não é só polícia. Àsvezes, a partir de uma informação pontual, iniciamos um trabalho deinteligência para combater o crime”, disse Beltrame.Ele lembrou ainda que,às vezes, a população vive um momento de insegurança porque osoutros serviços do Estado não chegaram. “Uma simples poda deárvore pode nos facilitar muito na redução do índice de roubo atranseunte. Outro exemplo é a coleta de lixo na rua, a retirada detapumes que muitas vezes servem de esconderijos para marginais.Então, a população pode nos ajudar muito”, exemplificou.Os líderescomunitários saíram do encontro satisfeitos com a proposta deestabelecer um canal direto entre as comunidades, o comando daPolícia Militar e a chefia da Polícia Civil, mas deixaram claro quea questão da abordagem policial nas favelas precisa mudar. Elesdisseram que a forma agressiva com que os policiais chegam nascomunidades assusta os moradores e muitos deles acabam não confiandona polícia.Sebastião da Silva, doMorro do Estado, em Niterói, e delegado da Conferência Nacional deDireitos Humanos, disse que muitos policiais agem com truculência aoentrar nas favelas e os moradores, que já estão fragilizados com aatuação dos grupos armados, sentem-se ainda mais desprotegidos. Eledefendeu que o governo faça mais investimentos na área social paraenfrentar o crime organizado.“Se a comunidade nãoacredita na polícia, ela se sente fragilizada até para buscar essainteração. Então, a única mudança que vejo é justamentecapacitar essas lideranças para que elas sejam elementosmultiplicadores dentro das favelas e a partir daí trabalhar com essapopulação nas áreas de educação, esporte, lazer e saúde, paradepois implementar as ações de segurança pública”, acrescentouTião Cidadão, como é conhecido.Ele admitiu, noentanto, que esta parceria das comunidades com a polícia fica aindamais difícil nos territórios ocupados pelas milícias. Segundo ele,nesses locais, o medo dos moradores em denunciar a atuação dessesgrupos é maior do que nas áreas controladas por traficantes dedrogas.“Nas favelascontroladas pelas milícias, em que os moradores são obrigados apagar por serviços de segurança, Tv a cabo e gás, até as redes sociais encontram dificuldade em iniciar projetos”, lamentou.Sobre a atuação dasmilícias, o secretário José Mariano Beltrame informou que ocombate a esses grupos vem sendo intensificado.