Sarney reitera ser contrário à adesão da Venezuela ao Mercosul

27/10/2009 - 0h56

Renata Giraldi e Priscilla Mazenotti
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Opresidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reiterou hoje(27) que é contrário ao ingresso da Venezuela noMercosul porque o governo do país vizinho desrespeita achamada cláusula democrática – uma vez que opresidente Hugo Chávez é apontado como autoritáriopor setores da oposição. Os argumentos de Sarney sãoos mesmos defendidos pelos partidos oposicionistas no Brasil. Orelatório que define a adesão dos venezuelanos no blocoserá votado dia 29 na Comissão de RelaçõesExteriores.“Minhaopinião é a mesma. Acho que a cláusulademocrática que nós implantamos no Mercosul deve sermantida, e o Brasil tem compromissos com ela”, afirmou Sarney, aochegar nesta terça-feira a seu gabinete no Senado. “O atualgoverno da Venezuela tem tomado providências que representam odesmoronamento e desvio da democracia.”Uma vezaprovado na Comissão de Relações Exteriores, orelatório autorizando a adesão da Venezuela no Mercosuldeve ser votado pelo plenário do Senado – o que deve ocorrerem novembro. “O Brasil que submete, conforme determina a CâmaraFederal, seus acordos ao Congresso Nacional. [Oassunto] já passou pela Câmara e aqui estáem tramitação, e a minha posição éesta [contrária], pela violação dacláusula democrática do tratado”, disse Sarney.O senadorTasso Jereissatti (PSDB-CE) elaborou um relatório contrárioà adesão da Venezuela ao bloco alegando que o governoChávez não é democrática e por esta razãoo país não poderia integrar o Mercosul. Mas, o líderdo governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fez um voto emseparado argumentando que as razões econômicas éque devem motivar os votos dos parlamentares.Aexpectativa é de que dos 19 senadores titulares, dez votemfavoravelmente à adesão dos venezuelanos ao bloco.Terceiraeconomia da América do Sul e com um Produto Interno Bruto(PIB) de US$ 320 bilhões, em 2008, a Venezuela poderia,segundo especialistas, ampliar a capacidade de influência dospaíses vizinhos no destino político dos venezuelanos enas relações multilaterais com governos, como o dosEstados Unidos.Argentinae Uruguai já autorizaram a Venezuela a tornar-se membro dobloco. No Paraguai, por não contar com maioria absoluta noSenado, o presidente Fernando Lugo retirou o pedido. De acordo comnegociadores paraguaios, o processo só será solucionadoem 2010, depois que for definida a decisão brasileira.Hoje, aComissão de Relações Exteriores ouve emaudiência pública o prefeito de Caracas, AntônioLedezma, que é de oposição a Chávez, masfavorável ao ingresso da Venezuela no Mercosul. Ele deverácomparecer à sessão acompanhado por váriosempresários venezuelanos.