Pesquisa revela que colesterol alto atinge 25,4% da população

26/09/2009 - 14h47

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O número debrasileiros com alteração nos níveis do colesterol de baixadensidade (LDL), também conhecido como colesterol ruim, aumentou de18% para 25,4% entre os anos de 2004 e 2008. A elevação foipercebida tanto entre os homens como entre as mulheres, mas é napopulação masculina que o problema se dá com mais frequência. Oaumento de casos em mulheres, no entanto, ocorreu num ritmo maisintenso. Entre os homens o índice pulou, no mesmo período, de 21,8%para 26,4%; e entre as mulheres, de 14,4% para 23,7%.Os dados fazem parte deuma pesquisa realizada por uma empresa que comercializa planos desaúde, que coletou os dados relativos a 43.165 de seus clientes com idades entre20 e 49 anos, em 12 estados. O objetivo é alertar a populaçãosobre os fatores de doenças cardiovasculares em função do DiaMundial do Coração, comemorado amanhã (27).Embora o Ministério daSaúde não tenha os dados específicos sobre o problema entre osbrasileiros em geral, reconhece que a elevação dos níveis decolesterol representa um importante fator de risco para os problemasdo coração, que são a principal causa de morte em todo omundo, respondendo por cerca de 250 mil óbitos a cada ano. Outrosfatores para o surgimento desse tipo de doença são o tabagismo,a diabete, hipertensão e o sedentarismo.O diretor de Promoçãoà Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia(SBC), Rui Ramos, explicou em entrevista à Agência Brasil quea alimentação é responsável por até 20% dos níveis decolesterol. “Dessa forma, uma pessoa que faz uma dieta adequada,rica em frutas, legumes, verduras, carnes magras, além de peixe efrango, reduz nessa mesma proporção a chance de ter o problema”, disse.Dados do Vigitel,sistema desenvolvido pelo Ministério da Saúde para monitorar pormeio de entrevistas telefônicas os fatores de risco para as doençascrônicas não transmissíveis, revelam que pelo menos três em cadadez adultos nas capitais brasileiras consomem habitualmente carnescom excesso de gordura e aproximadamente cinco em cada dez ingeremcom frequência leite com teor integral de gordura.O diretor da SBCdestacou ainda a importância da atividade física que, segundo ele,atua muito pouco sobre o colesterol ruim, mas eleva os níveis decolesterol bom, que limpa as artérias, reduzindo as chances doquadro evoluir para um enfarto (quando o colesterol ruim ficaacumulado em uma artéria do coração) ou para um acidentevascular cerebral, o chamado AVC (quando o acúmulo ocorre em umaartéria do cérebro).Rui Ramos acredita queesses conceitos devem ser trabalhados desde cedo, para gerar os hábitossaudáveis a partir da infância. Segundo ele, o problema se tornaainda mais grave porque a sua evolução pode ocorrer de formasilenciosa, não gerando os sintomas perceptíveis.Com um histórico dedois enfartes e alguns episódios de angina (dor aguda no coração),o carioca Eli de Freitas resolveu seguir à risca as recomendaçõesde seu cardiologista. Desde a última visita ao consultório, hácerca de três meses, ele conta que se assustou e resolveu mudar oestilo de vida, principalmente a alimentação.“Eu sempre tive umavida muito estressada e não consigo muito resistir a um bom prato decarne com aquela gordurinha deliciosa. Quando fui ao cardiologistarecentemente, levei uma tremenda bronca e vi que os níveis decolesterol estavam novamente altos e o risco de um novo enfarte eraforte. Como já estou com 55 anos, achei que era hora de tomar jeitoe tentar controlar a dieta, fazer pelo menos uma caminhada diária eme estressar menos. Difícil é, mas tenho que ter força de vontadese eu quiser continuar vivo”, afirmou.