Partos envolvendo adolescentes caem 30% em dez anos

26/09/2009 - 11h59

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em dez anos, o númerode partos entre meninas de 10 a 19 anos na rede pública caíram30,6%. De acordo com os dados divulgados pelo Ministérioda Saúde, em 2008 foram realizados 485,64 mil partos contra699,72 mil em 1998. Hoje (26) está sendo comemorado o Dia Internacional dePrevenção da Gravidez na Adolescência. Para a coordenadora deSaúde do Adolescente e do Jovem do ministério, Therezade Lamare, um dos motivos que levaram à reduçãofoi a parceria com o Ministério da Educação. Asescolas estão sendo utilizadas como espaços estratégicospara disseminar as informações sobre o assunto. “Conseguimos melhorarmuito a informação para que os pais, professores e alunospossam compreender o que está acontecendo com o adolescentenessa fase”, disse Thereza de Lamare. A coordenadora também destacouque há mais investimentos dos governos em prevenção,com ampliação da compra e distribuição deanticoncepcionais e preservativos. Ela também acredita que asestratégias de comunicação estão maiseficientes e que por meio da internet os jovens têm mais acessoàs informações. “Ainda maisimportante do que a informação é a orientação.Às vezes a informação por si só nãoconsegue fazer com que o adolescente modifique a sua conduta. Ele sabeda importância da camisinha, mas muitas vezes não a usaporque acredita que não vai acontecer com ele”, disse.O projeto Vale Sonhar,desenvolvido pelo Instituto de Educação Sexual Kaplan,de São Paulo, tenta conscientizar o jovem a respeito dasresponsabilidades que chegam com uma gravidez precoce. Uma dinâmicasimula quais as situações reais seriam enfrentadas pelaadolescente se ela engravidasse. A interrupção dosestudos, a exclusão de grupos sociais e a não aceitaçãopor parte da família são algumas das experiênciasreproduzidas. “A gente precisaentrar no mundo do jovem e proporcionar as situações quesejam muito parecidas com àquelas que ele está vivendo para entender que aquilo pode acontecer com ele ”, afirmou CamilaMacedo psicóloga e educadora do instituto. Ela acredita que aredução de gestações na adolescênciaestá ligada também a uma mudança na metodologiade trabalho de governos e entidades, colocando o adolescentes no alvoda prevenção primária. “ A informaçãoàs vezes chega ao adolescente, mas de forma muito chata. Otrabalho hoje em dia de educação sexual tem que sermuito dinâmico, interativo e moderno. Ele precisa se sentirparte daquilo”, disse. Para a psicóloga, a conversa sobre sexo entre os adolescentes e os paisainda é difícil. “Essa é sempre uma dúvidados pais: quando falar de sexo. Não existe um momento ideal. Afamília precisa tentar o máximo possível deespontaneidade, se mostrar aberta e sem nenhum tipo de julgamento.Mas é difícil para os pais abrir esse canal decomunicação”, afirmou. Para falar diretamenteaos jovens sobre o problema, uma das ações do Ministério daSaúde é a caderneta da saúde do adolescente.De acordo com o órgão, até outubro serão distribuídos4 milhões de exemplares para 433 municípios. O materialimpresso em duas versões – para menina e paramenino – trazem informações sobre a saúdesexual e reprodutiva, alimentação, puberdade e o uso dedrogas. A caderneta fica com o adolescente, que deve preenchê-la comseus dados pessoais. O material também está disponívelpara download no site do ministério.