Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O controle interno da inflação em níveis abaixo do centro da meta de 4,5%, tanto neste ano quanto no próximo, cria condições favoráveis para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduza mais um pouco a taxa básica de juros (Selic), que está em 8,75% ao ano.A opinião é do professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) José Francisco de Lima Gonçalves. Para ele, além do controle inflacionário, “as condições externas não parecem ameaçar o nível atual da Selic”. As colocações fazem parte de sua análise de conjuntura para a Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) da USP.Economista-chefe do Banco Fator, Lima Gonçalves lembra que, recentemente, o Federal Reserve (Fed) - Banco Central dos Estados Unidos - reiterou a postura expansionista de sua política monetária, no que foi seguido pela autoridade monetária da Inglaterra. China e Japão também trabalham por mais expansão, enquanto o Banco Central da zona do euro continua cauteloso.Ele ressalta que as indicações de sobra de capacidade instalada na indústria nacional, com baixa ocupação no mercado de trabalho, sugerem que não há ameaça de pressão de consumo, a curto e médio prazos, mesmo considerando-se a recuperação da economia neste ano, com a estabilidade do Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas produzidas no país – e a possibilidade de crescimento entre 4% e 5% no próximo ano.Segundo ele, “uma coisa é parar de piorar, outra é voltar a crescer em ritmo que pressione a oferta”. E isso ainda está longe de ocorrer, na sua opinião, uma vez que nem o crédito tem se expandido a ponto de empurrar a demanda doméstica a níveis incompatíveis com a oferta.Parte relevante da recuperação do crédito, registrada desde o agravamento da crise financeira no final do ano passado, deveu-se às vendas de automóveis e de material de construção, beneficiadas pela redução do Imposto sobre Produto Industrial (IPI).Como a redução dos juros é condição básica para a retomada dos investimentos, o professor da USP defende que o Copom corte a taxa básica em mais 0,5 ponto percentual, na reunião dos próximos dias 1º e 2 de setembro. Isso porque, segundo ele, “a recuperação do mercado de trabalho aos níveis de emprego e formalização do ano passado [antes da deterioração da crise financeira mundial] é condição para a expansão”.