Presidente do Equador propõe criação de fundo para fortalecer economia do Mercosul

16/12/2008 - 0h51

Mylena Fiori
Enviada Especial
Costa do Sauípe (BA) - O presidente doEquador, Rafael Correa, propôs ao Mercosul a criaçãode um fundo regional de reservas como parte de uma estratégiade enfrentamento dos efeitos da crise financeira internacional. Asugestão foi feita há pouco, durante a Cúpula deChefes de Estado do Mercosul e dos Estados Associados, na Costa doSauípe (BA).“Necessitamosconstruir nossa própria arquitetura financeira regional quenos faça depender de nossas próprias forças enão depender de forças externas”, afirmou Correa. “Emvez de financiar economias [de fora], vamos juntar reservasque sirvam de respaldo para crises de balança de pagamentos ecrises fiscais em nível regional e para financiarinvestimentos”, completou.Correa criticou o fatode o Banco do Sul ainda não ter saído do papel. Paraele, se a instituição já tivesse sido criada, aregião estaria mais preparada para enfrentar a crisefinanceira internacional. “Não é que precisamos demais poupança. Coordenando a poupança que játemos poderíamos ter fundado este banco e já teríamosmais recursos para talvez compensar os problemas que resultarãodesta crise.”O presidente do Equadordefendeu a adoção de políticas fiscais quepromovam o emprego, com investimentos públicos complementaresaos investimentos privados. Mas pediu cuidado aos países daregião, chamando as fórmulas propostas por instituiçõesmultilaterais como “cantos da sereia”. “Certas burocraciasinternacionais, em época de crise, ensinam nossos paísesa afundar na crise com outros objetivos que não odesenvolvimento e a manutenção do emprego mas, sim,garantir o pagamento de dívidas e compromissosinternacionais”, alertou.Por fim, Correa propôsa criação de mecanismos de compensação,de forma que apenas parte dos dólares obtidos com comércioexterior fossem mantidos. A maior parte seria convertida em moedalocal para repasse aos exportadores. O passo seguinte seria adoçãode uma moeda regional – ao menos em nível contábil.“Com isso deixaríamos de utilizar dólares em nossocomércio e utilizaríamos essa moeda regional em nossastransações financeiras e comerciais”, sugeriu.Apesar dasexpectativas, Correa não fez qualquer menção àdecisão do governo do Equador de decretar moratória desua dívida externa ou aos recentes atritos com o Brasil emrazão da expulso da construtora Odebrecht e da decisãode não pagar o que deve ao banco de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES).