Produtores rurais de Mato Grosso do Sul criticam desapropriação de terra para abrigar indígenas

08/10/2008 - 21h24

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do MatoGrosso do Sul (Famasul), Ademar Silva Junior, disse hoje (8) que não é favorável à comprade propriedades rurais no sul do estado para que sejam entregues pelogoverno a índios da região. Apesar de o governo estadual ter firmado um acordocom a Fundação Nacional do Índio (Funai) prevendo o pagamento deindenização a agricultores prejudicados por demarcações,ele afirmou que a questão não envolve só dinheiro e deveria ser vista com maiscritério.“O pagamento pela terra nos preocupa”, disse Silva Junior,durante evento da Sociedade Rural Brasileira (SRB), em São Paulo. “A demarcaçãode terras indígenas em Mato Grosso do Sul não é uma questão de propriedade privada, mas sim umaquestão de soberania nacional.”Ele disse que a região sul do estado, foco da discussão, é umadas áreas mais produtivas do país e abriga em seu subsolo grande partedo Aqüífero Guarani, uma das maiores reservas de água potável do mundo.O presidente da Famasul reconhece que, emalguns casos específicos, há necessidade de ampliação de terras indígenas, egarante que a federação está disposta a discutir uma solução para isso. Porém, afirmou que essa solução passa por umamudança na política indigenista dopaís.“Os índios precisam de saúde e educação. Só terra não vairesolver”, disse. “Os índios têm uma taxa de natalidade sete vezes maior do queo restante da população. Você amplia a terra deles hoje e daqui a um tempo elesestão precisando de mais”.A secretária do Desenvolvimento Agrário deMato Grosso do Sul, Tereza Cristina da Costa Dias, também afirmou que, mais do que a ampliaçãode territórios, os índios do estado precisam de saúde e incentivo à produção. Ela defendeu, no entanto, o pagamento pelas propriedades demarcadas como reservas indígenas. “A demarcação épossível desde que a área seja comprada dos produtores.”Procurada para comentar as declarações de Tereza Cristina e Silva Junior, a Funai não se manifestou até o momento. Leia mais sobre as posições dos produtores rurais nas reportagens ao lado.