Economista prevê restrições de créditos para o próximo ano

08/10/2008 - 21h58

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O primeiro semestre de 2009 será mais difícil para quem quiser fazer empréstimos ou financiar a compra de um carro ou um imóvel. Os bancos deverão exigir mais garantias, como comprovação de renda e de emprego, para diminuir o risco do empréstimo, além de reduzir os prazos de pagamento. A previsão é do economista Andrew Storfer, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).No entanto, ele acredita que essas restrições não vão durar muito tempo. “Num momento como esse, pode ser que os bancos restrinjam a concessão de créditos, dificultem, queiram mais garantias. Mas isso não pode perdurar. Num prazo relativamente curto, de três quatro meses, eles terão que voltar a emprestar, porque é a essência de sua atividade”, avalia. Ele disse que os financiamentos devem voltar a ter prazos interessantes em um período de um ano.Na concessão e crédito ao consumidor, o primeiro setor a ser afetado pela crise financeira serão os créditos de maior risco, como o crédito direto. Mas, segundo Storfer, mesmo para os créditos que têm uma garantia, como o financiamentos de imóveis e veículos, pode ser exigido um pagamento inicial maior, para que a prestação paga seja menor e o risco diminua.Segundo ele, essas medidas são reflexo do medo do setor financeiro. “Existe hoje no mercado financeiro um medo generalizado de emprestar, de fazer um empréstimo e a capacidade de pagamento do tomador ficar comprometido e, por consequência, comprometer o resultado dos bancos”.Para o economista, essas restrições não são boas para a economia, pois foi a oferta de crédito que possibilitou o crescimento sustentado do país nos últimos anos, permitindo o acesso da população de menor renda a bens de consumo que não conseguiriam comprar se não tivessem esses prazos mais longos. “Quando você enxuga a liquidez, reduz os prazos, exige um pagamento de uma entrada maior. Iisso implica que uma camada da população fique sem acesso a esses bens”, explicaPara os consumidores, o economista recomenda evitar compras supérfluas e fazer financiamentos a prazos mais curtos, além de procurar pagar a maior parte dos bens à vista, se for possível. “É um momento que exige atenção. Faça as coisas com bastante cuidado, não compre nada por emoção. Faça as contas, veja se é isso mesmo que precisa e o quer comprar”, diz.