Presa quadrilha acusada de desviar R$ 63 milhões com ações contra São Paulo

01/09/2008 - 20h35

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Polícia Civilde São Paulo, em ação conjunta com asSecretárias de Saúde e de Segurança Pública,desmantelou hoje (1) um esquema que, segundo dados preliminares dainvestigação, desviaram cerca de R$ 63 milhõesdo governo do estado. De acordo com apolícia, nove pessoas foram presas acusadas de formaçãode quadrilha, falsidade ideológica, falsificaçãode laudos médicos e perigo à saúde e a vida deoutrem. Entre os presos estão uma advogada, um médico eadministradores de uma organização não-governamental.Eles ajuizaram 15 açõescíveis contra o estado de São Paulo pleiteando a comprade remédios para o tratamento de psoríase, doençacrônica não contagiosa, que provoca manchas vermelhas napele. “Esta investigaçãoé a ponta de um barbante. Vamos continuar apurando paradesatar este nó”, disse o governador de São Paulo,José Serra. De acordo com ogovernador, é possível que hajam outras fraudessemelhantes a da quadrilha em todo o estado, e até mesmo nopaís. “As pessoas seaproveitam da facilidade prevista na Constituição paradar golpes no dinheiro do contribuinte”, disse.De acordo com a PolíciaCivil, as pessoas com a doença procuravam a Associaçãodos Portadores de Vitiligo e Psoríase do Estado de SãoPaulo, com sede em Marília, interior do estado, queencaminhava para um médico, que falsificava um laudo parapedir remédios que não estavam na lista do SistemaÚnico de Saúde (SUS). A partir daí, umadvogado ajuizava uma ação contra o estado pedindo opagamento do remédio, que custa R$ 5 mil por paciente. “Quem ganhava comisso eram os três laboratórios, que vendiam o remédiopara o estado”, disse Alexandre Zakir, delegado que conduziu ocaso. Além do médicoe dos dois advogados, foram presos ainda três representantescomerciais dos laboratórios Wyeth, Mantecorp e Serono e duasdiretoras da ONG. “Os pacientes, oestado e a Justiça são vítimas desta quadrilha,que agiu de má-fé baseada em um princípioconstitucional”, disse o secretário de Saúde doEstado de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata. Os 15 pacientes quetomaram a medicação passarão por uma juntamédica para reavaliar o tratamento. “Aos poucos elesestão sendo avisados que foram lesados”, disse o secretáriode Saúde. Segundo apurou asinvestigações, dos 15 pacientes, três nãotinham doença alguma, e desenvolveram pneumonia pela ingestãoindevida das drogas.