Em visita ao Ceará, Lula volta a defender interiorização da universidade pública

21/08/2008 - 0h00

Stênio Ribeiro
Enviado Especial
Juazeiro do Norte - O presidente LuizInácio Lula da Silva inaugurou na noite de hoje (20), emJuazeiro do Norte, o campus da Universidade Federal do Ceará,dando prosseguimento à interiorização do ensinouniversitário iniciada em seu governo.“A universidade éque tem que ir atrás dos alunos, e não o estudante terque sair de sua região para ir a outras terras brigar por umavaga universitária”, disse Lula, em seu discurso.Numa cerimôniacom três horas de atraso, o presidente pediu um pouco mais depaciência aos ouvintes e falou da importância de suaviagem àquele estado, iniciada pela manhã, com oanúncio oficial de construção de uma refinariano município de São Gonçalo do Amarante, perto de Fortaleza, e ainauguração, no final da tarde, de uma usina debiodiesel, em Quixadá, no sertão-central do Ceará.Esses empreendimentos,segundo Lula, "vão gerar milhares de empregos para osjovens. Principalmente para aqueles que tiverem qualificaçãoprofissional; e é para isso que estamos trazendo auniversidade pública para o sul do Ceará".Juazeiro fica a 600 quilômetros da capital, na regiãodo Cariri, próximo da divisa com Pernambuco.Além dauniversidade, o presidente citou que outros empreendimentosgovernamentais naquele estado também vão precisar demão-de-obra qualificada. Mencionou que ainda este ano querretornar a Fortaleza para assinar com o governador Cid Gomes oprotocolo de lançamento de uma siderúrgica e prometeuempenhar esforços para que a Ferrovia Transnordestina - quevai ligar o Porto de Suape, em Pernambuco, ao Porto de Pecém,no Ceará, passando por Eliseu Martins, no Piauí –seja concluída ainda no seu governo, de modo a garantir maiscirculação de riquezas na região.O presidente Lulamencionou as dificuldades de sua infância, em razão dapobreza e da falta de oportunidades para estudar, e atribuiu partedas dificuldades aos governantes do país que nãocriaram condições favoráveis de assistênciaàs populações mais necessitadas. Dirigindo-seaos jovens que estavam na solenidade, ele afirmou: "Eu, que nãotive oportunidade de estudos, quero que vocês tenham aquilo queos governantes da época não me deram. Que vocêstenham o que não tive".Num discurso bem àvontade e empregando, inclusive, termos chulos como "babacas",o presidente mostrou-se pouco modesto ao afirmar: "Deus queiraque quem vier depois de mim seja tão melhor do que eu e façamuito mais do que fiz, e quem sabe daqui para a frente as pessoasaprendam que só tem lógica a gente governar um país,uma cidade, um estado, se a gente estiver disposto a fazer as coisaspara quem precisa. E quem precisa do Estado é o pobre, opequeno. Os outros [ricos] têmcapacidade de sobreviver".