Delegados da PF confirmam à Justiça tentativa de suborno feita por grupo de Dantas

15/08/2008 - 0h28

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Durou cerca de dez horas os depoimentos dos delegados da Polícia Federal Protógenes Queiroz e Victor Hugo Rodrigues Ferreira ao juiz Fausto De Sanctis, na sede da 6ª Vara da Justiça Federal Criminal em São Paulo. Os dois policiais foram arrolados como testemunhas de acusação na Operação Satiagraha pelo procurador da República Rodrigo De Grandis. Segundo o procurador, eles confirmaram a  tentativa de suborno praticada pelo ex-diretor da Brasil Telecom Humberto Braz e pelo professor universitário Hugo Chicaroni, supostamente a mando do banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity.Também arrolado como testemunha de acusação, o escrivão da PF Amadeu Ranieri  não chegou a ser interrogado. De Grandis entendeu que não havia necessidade de ouvi-lo no processo instaurado a partir da Operação Satiagraha. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Daniel Dantas comanda um grupo envolvidos nos crimes de corrupção, formação de quadrilha, evasão de divisas e sonegação fiscal e gestão fraudulenta.Daniel Dantas e Humberto Braz, que tiveram hoje (14) outra oportunidade de falar à Justiça Federal, permaneceram novamente em silêncio, mas acompanharam todo o depoimento e deixaram o prédio por volta das 22h. Hugo Chicaroni, solto nesta quinta-feira por meio de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também esteve na audiência, mas não quis falar durante os depoimentos dos dois delegados.No próximo dia 20 serão ouvidas as primeiras testemunhas de defesa, arroladas pelos advogados dos réus Humberto Braz, Hugo Chicaroni e Daniel Dantas. Eles são acusados de tentar subornar o delegado Victor Hugo Ferreira para retirar o nome do banqueiro das investigações. Segundo o advogado Nélio Machado, que defende Dantas, entre as testemunhas de defesa está o senador Heráclito Fortes. "Tentou-se de alguma forma envolvê-lo, como se ele [o senador] fosse uma espécie de braço adiantado de proteção do Daniel Dantas, o que é absolutamente incorreto e improcedente. Eles se conhecem e as pessoas se conhecerem não é delito", disse Nélio Machado.Segundo o procurador, os dois delegados confirmaram integralmente a acusação do Ministério Público Federal. "[Eles] confirmaram o oferecimento de vantagem indevida, de propina, a fim de que se excluísse e se abafasse o caso em relação a Daniel Dantas e outras pessoas do grupo Opportunity", disse De Grandis. "Houve oferecimento de vantagem indevida, de US$ 1 milhão, para que se abafasse o caso em relação a Daniel Dantas e Verônica Dantas", acrescentou o procurador.Segundo De Grandis, não há dúvida de que o dinheiro encontrado na residência de Hugo Chicaroni. durante as diligências da PF, seria mesmo do Opportunity. Isso, assinalou o procurador, teria sido confirmado pelo próprio Chicaroni em depoimento.