Depoimento de Protógenes decepciona relator da CPI dos grampos

07/08/2008 - 0h40

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Porquase sete horas, o delegado Protógenes Queiroz,ex-coordenador da Operação Satiagraha, da PolíciaFederal, esquivou-se de prestar esclarecimentos aos deputados daComissão Parlamentar de Inquérito (CPI)das Escutas Telefônicas Clandestinas sobre as investigaçõesque levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas, dono doBanco Opportunity, o investigar Naji Nahas e o ex-prefeito de SãoPaulo Celso Pitta. Na maioria das vezes, o delegado usou argumentosde que a Constituição Federal e a legislaçãoo impediam de prestar informações, já que asinvestigações estão sob segredo de Justiça.Aotérmino da audiência pública, o presidente daCPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), avisou a Protógenesque ele será novamente convocado para prestar esclarecimentos,quando a comissão tiver os dados da investigação.De acordo com Itagiba,ficou claro que um grupo do banqueiro Daniel Dantas teria praticadointerceptações telefônicas em benefíciopróprio. Para o deputado, o depoimento evidenciou ainda que asaída do delegado do comando da operação nãofoi pacifica na Polícia Federal e que houve a atuaçãode pessoas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)nas investigações."Houve um sentimento deuma certa frustração pelo fato de o delegado nãopoder falar sobre determinados assuntos, que estão sobproteção", disse o relator da CPI, deputado NelsonPelegrino (PT-BA). No entanto, o parlamentar considerou os debatesmuito importantes para que os deputadospudessem firmar posições, como “a de que nãopode haver autorização genérica para umaautoridade poder lançar mão de dados cadastrais. Énecessário que haja autorização especifica paracada caso".De acordo com Pelegrino, o secretárioparticular do presidente Lula, Gilberto Carvalho, "nãofoi objeto de investigação da OperaçãoSatiagraha". O deputado disse que pelo que estáentendendo, pelo que leu e pelas informações que teveacesso, Gilberto Carvalho não foi investigado. "Nãohá nenhuma providência ao final do inquérito queremeta ou que se refira ao secretário particular.”"Só háuma citação que é um diálogo que elemanteve com o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. Portanto, eu pensoque ele não foi objeto de investigação e paramim isso ficou claro quando eu perguntei ao delegado no final dodepoimento", disse Pelegrino.Ao final do depoimento,a CPI aprovou alguns requerimentos. Entre eles, está o deprorrogação dos trabalhos da comissão por mais120 dias, a partir de 5 de setembro, quando encerraria suasatividades. Também foram aprovados requerimentos de convites apessoas para comparecer à CPI. Entre os convidados,estão a jornalista da Folha de S. Paulo AndréiaMichael e a ministra Elena Calmon, do Superior Tribunal de Justiça(STJ).A CPI faz amanhã (7), a partir das 9h, reuniãoadministrativa fechada e às 10h ouve o depoimento do delegadoda Polícia Federal Élzio Vicente da Silva.