Falta professor especializado porque carreira não é valorizada, diz educadora

27/07/2008 - 16h09

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A falta de professoresem sala de aula para disciplinas específicas como filosofia, sociologia, física e química éresultado da desvalorização da carreira do magistério.A avaliação foi feita pela diretora da ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), JuçaraVieira, em entrevista à Agência Brasil. “Nós temosesse problema na educação brasileira que é oafastamento da juventude da área de formação emeducação. Os cursos de pedagogia e outros da áreada licenciatura não têm atraído a juventude”,afirmou a educadora.O Congresso Nacionalaprovou duas leis que incluem, no currículo da educaçãobásica, as disciplinas de música, filosofia e  sociologia. Mas aCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal deEnsino Superior (Capes) já apontou em estudo que não háprofissionais suficientes para atender a nova demanda. Como jáacontece com a física e com a química, seránecessário colocar em sala de aula professores formados emáreas correlatas, como história e ciênciapolítica. “Isso é comume lamentável porque em outras áreas não seimprovisa. Não se improvisa na medicina, não seimprovisa na engenharia e não se pode improvisar na educação.Às vezes, a pessoa [professor] tem a maior boa vontade,mas não domina aquele conteúdo, é importante queo profissional seja devidamente habilitado para aquele componentecurricular”, observou Juçara.Para a representante daCNTE, a aprovação do piso salarial nacional dosprofessores, no último dia 2, pode fazer com que a carreira volte a seratraente. Mas ela alerta que é necessário um “amploesforço” para garantir a formação eminstituições públicas de ensino superior.“Como os saláriossão baixos, cria-se um círculo vicioso: as pessoas nãoestudam porque têm baixos salários e não hávagas suficientes nas universidade públicas. E, nãoestudando, elas também não qualificam a educação”,concluiu. Segundo Juçara, as iniciativas do governo federal para ampliar aformação de profissionais na rede pública deensino superior ainda são insuficientes. Ela avaliouque a “pulverização de disciplinas”, nãonecessariamente, implica em melhoria da educação e acabagerando uma demanda de profissionais que, nem sempre, estãodisponíveis. Para a educadora, há um excesso de projetos delei para criar novos componentes curriculares. “Nósacreditamos que se a escola tiver uma grande autonomia em relaçãoao currículo, ela pode inserir o conteúdo sem criarnovas disciplinas. Fragmentar o currículo não significaavançar na educação”, opinou. A inclusãode novos componentes deve também respeitar as necessidades decada região, de acordo com Juçara. “Em uma comunidade fronteira, éinteressante que se invista em línguas estrangeiras.”