Apesar da inflação, presidente do BC é favorável ao incentivo à expansão do crédito

28/05/2008 - 22h39

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mostrou-se favorávelà continuidade da expansão do crédito no Brasil,mesmo num cenário de inflação como o atual. Aoapresentar hoje (28) os números da economia referentes aoprimeiro quadrimestre de 2008 a deputados e senadores – umaexigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) –,Meirelles afirmou que o crédito no Brasil tem crescido, masainda é muito baixo.“O volume de crédito noBrasil tem crescido, mas ainda é muito baixo, chega a 32% doPIB [Produto Interno Bruto]. Em países desenvolvidos,esse volume chega a 70% do PIB”, disse o presidente do BC, queevitou falar sobre a possibilidade de elevação de jurosdiante da elevação dos preços, puxadaprincipalmente pelos alimentos.Meirellesdestacou, na audiência pública na Comissão Mistade Orçamento do Congresso Nacional, que o crescimento docrédito é uma conseqüência da estabilidadeeconômica e da redução da inflação.“Existe claramente uma expansão do crédito, que éque é uma conseqüência importante, talvez das maisimportantes, da estabilidade econômica pela qual passa o país”,destacou.Aampliação do acesso da população aocrédito está entre os objetivos traçados peloBanco Central, que não estipulou metas formais para suapolítica creditícia. De acordo com númerosapresentados hoje por Meirelles, o acesso da populaçãoao crédito livre cresceu de 13% para 26% e em relaçãoao crédito total de 22% para 32% desde 2003.“Essecrescimento ocorreu de forma mais pronunciada de janeiro a abrildeste ano”, assinalou Meirelles. “As pessoas tem maior confiançade que vai se combater a inflação. Elas têm maisdinheiro para emprestar e mais condições de tomaremprestado.”Aoser questionado sobre a possível ausência de resultadospositivos da política econômica na melhoria dascondições da população, Meirellesretrucou afirmando que existe um cenário de estabilidadeeconômica, que é o pressuposto para a discussãode qualquer melhoria nos índices sociais.“Estamosvivendo um momento extremamente favorável para a economiabrasileira. Por um longo tempo, vivemos um processo de deterioraçãodos indicadores básicos como educação e saúde,mas essa estabilidade verificada atualmente é uma condiçãopara que possamos pensar em melhorar esses indicadores. Com aeconomia crescendo, cresce também a arrecadaçãodo setor público, cresce o setor privado, as pessoas estãorecebendo mais, podem se alimentar melhor e isso tudo se refletirána melhoria desses índices”, disse o presidente.Meirellesdestacou o aumento de 7,2% na massa salarial (soma de todos ossalários pagos no país) entre abril de 2007 a abril de2008. “Isso reflete o sucesso da política econômica dogoverno”, enfatizou.Opresidente do Banco Central reafirmou que a instituiçãotrabalha para manter a inflação ao redor do centro dameta de 4,5% para o Brasil neste ano. "O importante é queo BC tome providências para que a inflação orbiteno centro da meta, levando em conta as defasagens da políticamonetária. A expectativa de mercado de 2008 é de 5,24%,mas nosso objetivo é o centro da meta de 4,5%.Semconsiderar a valorização do real perante as outrasmoedas, de acordo com Meirelles, o Banco Central obteve um resultadopositivo de R$ 9,166 bilhões, no segundo semestre de 2007. Noentanto, ao observar a variação cambial, houve prejuízode R$ 26,375 bilhões, que causou à instituiçãoum resultado negativo de R$ 17,209 bilhões. Esse prejuízo,segundo ele, acabou beneficiou o Tesouro Nacional, porque provocou aredução da dívida externa.