Governo não vai militarizar a Amazônia, garante Mangabeira

19/05/2008 - 22h45

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministroextraordinário de Assuntos Estratégicos, RobertoMangabeira Unger, negou no início da noite de hoje (19) que ogoverno pretenda militarizar a Amazônia. “Não temosnenhuma intenção de militarizar a Amazônia, masqueremos contar com a ajuda das Forças Armadas, que exercem umgrande número de funções civis e estãointimamente comprometidas com a vida e com os problemas da populaçãoda região”.Responsável por coordenar, alémdo Plano Amazônia Sustentável (PAS), o Plano Estratégicode Defesa Nacional, Mangabeira afirma que a premissa de ambos osplanos é a “reafirmação inequívoca”da soberania nacional. “Quem cuida da Amazônia brasileira, aserviço de si próprio e de toda a humanidade, éo Brasil”, afirmou o ministro à Agência Brasil,logo após conceder entrevista à TVBrasil.Mangabeira defende que a região amazônicatem que ser ocupada com atividades sustentáveis. Ele entendeque se a população amazônica não tiveroportunidades econômicas será impelida para açõesdesordenadas, que levarão ao desmatamento da floresta e àdestruição do bioma. O ministro também sugereque o atual modelo de povoamento, com grandes espaçosdesocupados, representa um risco à proteção daregião.“Temos consciênciade que assim como o problema ambiental não pode serequacionado sem estratégia de desenvolvimento, o problema daDefesa [Nacional] também não. Semdesenvolvimento não há estruturas produtivas e sociaisorganizadas. Uma vasta área sem estruturas produtivas esociais organizadas é difícil de defender”.Mangabeiravoltou a explicar as prioridades de sua pasta em relaçãoà região amazônica. “Precisamos nos unir paraconstruir uma estratégia de desenvolvimento sustentávelpara as duas Amazônias, a sem floresta e a com floresta. A basecomum dessas estratégias tem de ser a soluçãodos problemas fundiários, de titularidade da terra e um grandezoneamento ecológico e econômico”.No queclassifica como a Amazônia sem floresta, ou seja, as áreasjá degradadas, o ministro vê a oportunidade para o paísdesenvolver a região sem “repetir os erros de nossa formaçãohistórica”. “Temos a oportunidade de construir um novotipo de produção, sobretudo por meio de uma agriculturademocratizada e moderna, que associe o Estado aos produtores,sobretudo aos pequenos”.Já no que chama de Amazôniacom floresta, Mangabeira defende a “construção de umregime tributário e regulatório que faça afloresta em pé valer mais que derrubada”. Segundo oministro, isso exigirá tecnologia apropriada para o manejo dafloresta tropical e a organização de serviçosambientais avançados. “Para isso é preciso quepessoas muito qualificadas se disponham a morar e trabalhar fora dasgrandes cidades”.Mangabeira também aponta a urgênciade novas formas de gestão florestal, “a fim de que asconcessões às grandes empresas não sejam a únicaforma de manejo”, e o estímulo para as indústrias queproduzam tecnologia apropriada para a região.