Plantio de cana-de-açúcar tem que dobrar para cumprir meta de produção de álcool

10/04/2008 - 17h19

Isabela Vieira*
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil precisa dobrar o plantio decana-de-açúcar para cumprir a meta de produçãode álcool combustível (etanol), estipulada pelo governo, até 2030. A informaçãoé do presidente da Empresa de Pesquisa Energética(EPE), Maurício Tolmasquim. A EPE é responsávelpelo planejamento energético de longo prazo no país.Segundo Tolmasquim, o Brasil produz atualmente 6,9bilhões de litros de etanol por ano. Para chegar a 13,9bilhões de litros - a meta para 2030- , deverá dobraraté lá a produção de cana-de-açúcarpara 1 bilhão de toneladas por ano.“Nós precisaremos, segundo as projeções,que são bastante arrojadas, de 14 milhões de hectaresde terras. Isso é o dobro da quantidade de terras queutilizamos para produção das atuais 495 milhõesde toneladas de cana-de-açúcar por ano”, disse hoje(10) o presidente da EPE. Para aumentar a área plantada de cana,Tolmasquim sugere o aproveitamento de terras destinadas àpastagem, o que também não pressionaria a áreadestinada ao plantio de culturas alimentícias, nem exigiria oavanço da fronteira agrícola. “A média de gadopor terra [ocupada] é muito baixa”, disse. “Com um poucode esforço e otimização do gado, poderíamoster 10 vezes mais terras do que a quantidade necessária para oetanol”. A produção extensiva de gado ocupa, hoje,210 milhões de hectares.A pecuária, no estado de São Paulo,tem, na opinião do presidente da EPE, o melhor aproveitamentode área/número de cabeças. A média, noestado, é de 1,4 cabeça por hectare, enquanto norestante do país, a média é de uma cabeçapor hectare. "Se o Brasil adotasse o padrão de SãoPaulo, teríamos cerca de 70 milhões de hectares, valordez vezes maior do que o necessário para a meta de etanol”,disse.Ontem (9), o ministro da agricultura ReinholdStephanes, havia informado que o zoneamento da cana-de-açúcarserá anunciado pelo governo até julho. O zoneamento vaidefinir as áreas em que se pode plantar a cultura. SegundoStephanes, a expansão da cana será feitaprioritariamente em terras já degradadas, ou seja, sem anecessidade de novos desmatamentos.