Cinema, TV digital e produção independente são prioridades neste ano, diz secretário

10/01/2008 - 21h54

Raphael Ferreira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As linhas de ação prioritárias da nova gestão da Secretaria do Audiovisual, vinculada ao Ministério da Cultura, foram anunciadas hoje (10). Novos investimentos pretendem impulsionar a produção e exibição de cinema no território nacional, por meio da criação de novos cineclubes e do estímulo à produção independente. A gestão do novo secretário, o cineasta Silvio Da-Rin – que substitui Orlando Senna, atualmente diretor geral da Empresa Brasil de Comunicação –, tem como uma das principais propostas a revitalização do Centro Técnico do Audiovisual, órgão responsável por ações nas áreas de memória, formação e fomento ao audiovisual desde 1985. Editais publicados em novembro do ano passado vão possibilitar em 2008 a produção de 70 filmes de curta-metragem, dez roteiros de longas de ficção, dez séries de animação para TV e cinco longas de ficção de baixo orçamento. Segundo Da-Rin, o governopretende incentivar a produção independente: "Vamos fazerquantos editais forem necessários a fim de fornecer telões, projetoresdigitais, aparelhos de DVD e equipamentos de som aos pontos de culturavoltados para a produção audiovisual. Temos também uma parceria com oMinistério da Educação, para que 14 mil escolas públicas recebamequipamentos para cineclubes, que deve começar nos próximos meses."O Ministério da Cultura informou que o programa Mais Cultura e o Fundo Setorial do Audiovisual vão investir, juntos, cerca de R$ 4,7 bilhões em projetos de produção audiovisual e infra-estrutura, incluindo os editais de conteúdo para a TV Brasil. Também está prevista a criação de 100 novos cineclubes no país.Segundo o ministro Gilberto Gil, a TV digital, unida à internet, representa uma nova era de convergência da tecnologia, que depende de alguns passos em andamento. "As TVs comerciais devem fazer uma migração rápida para o campo digital. A TV pública também terá um papel importantíssimo, porque ela pode inovar de formas que as TVs comerciais não podem arriscar. Além disso, o fato de que a sociedade civil vai se equipar gradualmente com computadores, internet e outros meios de produção, também fortalecerá o poder de demanda por conteúdo", disse.Gil informou que não passou por seu gabinete a decisão de mater a reserva de mercado para filmes nacionais idêntica à de 2007 – de 28 dias para salas individuais. A cota de tela, como é chamada a reserva, é inferior à de 2006, quando previa 35 dias. João Batista Pimentel Neto, representante do Conselho Nacional de Cineclubes, disse acreditar que a ampliação de cineclubes é a única forma de democratizar o acesso ao audiovisual, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste. "Se a sociedade civil tiver meios de se investir dinheiro em cineclubes e utilizar o lucro para reinvestir na própria atividade, a democratização será possível", afirmou.