Lula defende nacionalização do gás boliviano e relações com Hugo Chávez

06/12/2007 - 21h53

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao participar, em Belém, da cerimônia de encerramento do Encontro de Governadores da Frente Norte do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a necessidade de os países maiores da região estarem dispostos a fazerem concessões aos países mais pobres e a não interferirem nos assuntos internos de outras nações. Ele usou esses argumentos para justificar a nacionalização do gás boliviano e defender o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.“O Brasil é o maior país da América do Sul, portanto, recai nas costas do Brasil a responsabilidade de levar em conta as assimetrias [desigualdades] existentes na nossa relação da América do Sul”, disse Lula. “Temos a obrigação de ajudar os países mais pobres a ter uma relação conosco em que as vantagens possam ser desses países menores.”É por isso, completou Lula, que ele defendeu atitude do presidente da Bolívia Evo Morales quando quis nacionalizar o gás daquele país. “Temos de ser generosos nas negociações e compreender que uma boa relação comercial não é aquela em que eu vendo mil e compro dez, mas aquela em que eu vendo mil e compro novecentos ou eu vendo novecentos e compro mil, para que haja um certo equilíbrio entre os países”, explicou.Em seu discurso para representantes do Encontro de Governadores da Frente Norte do Mercosul, Lula também fez menção às críticas que tem recebido sobre a relação dele com Hugo Chávez. “A coisa mais nobre numa relação internacional é o respeito às decisões soberanas de cada país. Cada país decide o que é bom para si, inclusive o regime político”, declarou. “Somos países com histórias diferentes. Se não respeitarmos as tradições históricas e culturais de nossos países, também não haverá integração.”Em Belém, Lula também falou sobre a questão ambiental e deixou um recado para aqueles que destroem as florestas brasileiras. O presidente anunciou que, no começo do ano que vem, convocará os governadores dos estados, prefeitos e vereadores para discutirem, em conjunto, o combate às queimadas.A convocação, segundo Lula, será feita com base em um mapa dos municípios onde há mais queimadas. “Se necessário, colocaremos um delegado da Polícia Federal em cada município junto com o Ibama [Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] porque não é possível que não estejam entendendo o que se passa no planeta”, finalizou Lula.O Encontro de Governadores da Frente Norte do Mercosul começou na terça-feira (4) e teve como principal objetivo discutir as bases para o fortalecimento da integração regional e a construção de uma agenda comum de cooperação, com foco especial nos países amazônicos. O evento reuniu governadores da Região Norte e de vários países, dentre eles os membros do Mercosul.