Anvisa já encaminhou amostras do leite adulterado a laboratórios oficiais

26/10/2007 - 15h40

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já encaminhou a laboratórios oficiais do Ministério da Saúde amostras dos lotes de leite nos quais foram constatadas irregularidades. Com o resultado das análises, será possível fazer uma investigação detalhada sobre as substâncias adicionadas de forma irregular ao leite e determinar as possíveis punições aos responsáveis.Com base nos laudos encaminhados pela Polícia Federal, a Anvisa já tinha determinado ontem (25) a interdição cautelar de nove lotes das marcas Parmalat, Calu e Centenário, retirando os lotes do mercado e recomendando que os consumidores evitem ingerir o produto. A Anvisa ainda aguarda o resultado do rastreamento da venda dos lotes para saber em quais estados eles foram distribuídos. Por enquanto, a Anvisa constatou apenas que as amostras dos lotes não estão de acordo com os padrões de identidade e qualidade considerados pela legislação. Segundo a diretora da Área Alimentar da Anvisa, Maria Cecília Brito, foram verificados excesso de acidez e de alcalinidade nas amostras analisadas, o que pode ser resultado da utilização de água oxigenada e de ácido cítrico no processamento do leite. Também foram constatadas irregularidade nos rótulos, que demonstravam um teor de gordura diferente do constatado no produto.Apesar das irregularidade, disse Maria Cecília, os produtos não oferecem risco iminente à saúde da população. “A situação não é de gravidade, não temos motivos para pensar em um risco iminente de saúde, mas, por medida de precaução e para garantir à população essa tranqüilidade, faremos esse recolhimento.”No entanto, ela recomenda a quem tenha o produto em casa que evite consumir, pois ele podem causar náuseas e vômitos. Quem encontrar os lotes interditados no mercado pode denunciar para a Anvisa pelo e-mail ouvidoria@anvisa.gov.br ou pelo telefone 150.A análise oficial das amostras deve levar cerca de 15 dias. Depois disso, os responsáveis pela adulteração poderão solicitar uma contraprova da análise. O processo deve levar cerca de 90 dias para ser concluído, informou a diretora da Anvisa. As penalidades vão desde a interdição do estabelecimento e dos produtos, advertências e multa para as empresas ou cooperativas responsáveis pelas irregularidades. “Vamos avaliar quem causou esse dano para poder penalizar”.Os lotes interditados pela Anvisa foram: LCZL06 2:3 e LCZL01 12:42, da Parmalat; 4G, 4K e 4W, da Calu; e 1 e 2 da Centenário, com datas de fabricação de 25/07/2007 e 28/07/2007, respectivamente.A Polícia Federal prendeu, na última segunda-feira (22),na Operação Ouro Branco, 27 pessoas acusadas de fraudar a produção de duas cooperativas de Minas Gerais: a dos Produtoresde Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) e a do Sudoeste Mineiro(Casmil). De acordo com a PF, o grupo fraudava a produção de leitelonga vida com a adição deprodutos químicos impróprios para o consumohumano, como soda cáustica.