Senadores pedem mudança no sistema de votação das propostas de cassação

13/09/2007 - 21h45

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dia após a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da acusação do Conselho de Ética de que não conseguiu comprovar rendimentos suficientes para pagar uma pensão de R$ 12 mil à jornalista Mônica Veloso, os debates em plenário hoje (13) avaliaram o desgaste da Casa e a necessidade de mudanças nos sistemas de discussão e votação das propostas para cassação de mandatos.O senador Cristovam Buarque (PT-DF) pediu em plenário que Renan se afastasse do cargo: "Creio que este gesto traria uma paz ao Senado, daria tempo para que o senhor recuperasse toda a credibilidade pela competência que sempre demonstrou, faria com que o Senado voltasse a funcionar normalmente sob outra presidência. Enquanto isso, poderíamos recuperar, aqui, todas as feridas, todas as dificuldades e a credibilidade que hoje o Senado, o Congresso e a democracia perdem". Renan agradeceu a proposta, afirmou que "a democracia é bela porque permite momentos como este" e foi para seu gabinete, onde passou o resto do dia. Ainda no plenário, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que em 20 anos nunca viu a Casa "tomar tanto pau" (da imprensa) como hoje. E sobre um possível acordo para a absolvição de Renan em troca de uma licença da presidência, acrescentou: "Se Renan quiser, renuncie ao cargo. Licença para ficar o vice [primeiro vice-presidente, Tião Viana (PT-AC)], isso não. Se quer ficar, que agüente as outras três representações que vêm por aí".Estão no Conselho de Ética duas representações contra o presidente do Senado: a que requer investigações de denúncia de que ele teria feito gestões junto a órgãos federais para beneficiar a cervejaria Schincariol e outra que trata de denúncias de que o parlamentar teria utilizado "laranjas" para adquirir veículos de comunicação em Alagoas. O petista Delcídio Amaral (MS) afirmou que a sessão secreta de ontem, destinada a apreciar o projeto de resolução do Conselho de Ética sobre a cassação do mandato de Renan, foi "um faz de conta", enquanto as informações do que se discutia no plenário vazavam à imprensa. Já o peemedebista Almeida Lima (SE) fez um pronunciamento baseado em artigo em que o jornalista Paulo Henrique Amorim afirmou que a absolvição de Renan Calheiros representou "a maior derrota da imprensa brasileira depois da reeleição do presidente Lula". Usando as palavras do jornalista, o senador acusou a imprensa de "elitista e golpista". E lembrou que hoje, indagado por jornalistas se Renan se afastaria do cargo, respondeu que o presidente do Senado "estaria arrumando suas gavetas se tivesse sido derrotado". Ele acrescentou que "não respeitar decisão da maioria é tirania própria das ditaduras".