Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Parentes de vítimas do acidente com o Airbus A320 da TAM, que há um mês fazia o vôo JJ 3054, participaram de um ato silencioso de homenagem na noite de hoje (17), diante dos escombros do antigo prédio da TAM Express, com o qual o avião colidiu. Vestidos com camisetas brancas e demonstrando emoção, os familiares chegaram ao Aeroporto de Congonhas por volta das 17h35 e, de mãos dadas e em círculo, fizeram um minuto de silêncio, seguido por orações, em frente ao guichê da TAM.Depois, com flores e velas, levando uma bandeira do Brasil e faixas, eles seguiram para o local do acidente por uma rua paralela, para não afetar o trânsito na Avenida Washington Luís e orientados pela Companhia de Engenharia do Tráfego (CET). Uma das faixas tinha a frase "199 mortos. Quantas vítimas? Vôo TAM JJ 3054".Durante a caminhada até o prédio da TAM Express, o pai de uma das vítimas, Jair Cesário, disse esperar pela punição dos culpados. "Essa é a grande motivação do movimento. Estamos fazendo um trabalho para que haja esse tipo de punição", afirmou. E acrescentou: "Quem são os responsáveis das empresas aéreas? Quem são os responsáveis pela fiscalização – a Anac e a Infraero? Essas pessoas são co-autoras de um crime hediondo que matou quase 200 pessoas. Se eles ficarem impunes, é uma porta aberta para continuar esse verdadeiro massacre humano, de inocentes". Segundo ele, a intenção das famílias agora é "ingressar no Poder Judiciário na busca de responsabilidades, não só de reparação de danos mas, acima de tudo, de responsabilidade criminal".Para Luiz Salcedo, pai de outra das vítimas do acidente, a tragédia estava anunciada: "Só esperavam o dia e a hora. Que ela iria ocorrer todo mundo sabia. Nosso grande empenho agora é alertar as autoridades e motivá-las a enfrentar esse problema". Salcedo ainda criticou a extensão da pista de Congonhas, ao afirmar que "nos Estados Unidos existem centenas de aeroportos com mais de 3 mil metros de pista e no Brasil, apenas oito".Já por volta das 18h25, em frente ao prédio da TAM Express, os parentes fizeram novamente um minuto de silêncio, estenderam as faixas no chão e depositaram rosas brancas. De mãos dadas e em círculo, rezaram e, por cerca de quatro minutos, as quatro pistas da Avenida Washington Luís, no sentido Centro-bairro, ficaram fechadas. Para não prejudicar o trânsito, eles decidiram não esperar pelo horário exato em que ocorreu o acidente – 18h48 – e encerraram o ato por volta das 18h35. As faixas foram então estendidas no muro e as rosas, jogadas nos escombros. A Polícia Militar estimou em 120 o número de participantes do ato.