Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Trinta dias depois da morte de 199 pessoas, no acidente em que um Airbus A320 da TAM colidiu com um terminal de cargas da própria empresa, em São Paulo, cinco famílias ainda não puderam enterrar os corpos de suas vítimas. Até o último domingo (12), o Instituto Médio Legal de São Paulo havia identificado194 corpos. Na noite de hoje, organizadas pelas famílias, uma missa em Porto Alegre, de onde vinha o avião, e uma manifestação diante do Aeroporto de Congonhas, onde ele pousou, lembrarão o acidente.
Ontem (16), recebidas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, em São Paulo, algumas dessas famílias reclamaram do tratamento que vêm recebendo da TAM, como a exigência de participaçãode um advogado na negociação para pagamento do seguro obrigatório.
O valor estipulado para o segurotambém foi considerado defasado pelos familiares, que ainda contestaram a falta de 23 minutos de gravações das caixas-pretas do avião, o que poderia trazerinformações sobre o período de aproximaçãocom a pista do aeroporto.As caixas-pretas também causaram polêmicano Congresso Nacional onde senadores acusaram a mídia e os deputados de “rasgarem a Constituição”, com a divulgação da transcrição dos últimos diálogos entre os pilotos.
O chefe do Centro deInvestigação e Prevenção de AcidentesAeronáutico, brigadeiro Jorge Kersul, responsável pelaapuração das causas do acidente, chegou a alertar que os dados,fora de contexto, poderiam levar "a conclusões erradas". A Aeronáutica ainda nãoapresentou a conclusão sobre o que teria impedido a desaceleração do avião e provocado o choque com o prédio da TAM Express. E prevê prazo de cerca de dez meses para a elaboração de um relatório final.
Uma análisepreliminar das informações das caixas-pretas não indicou falha mecânica ou eletrônica quepossa ter causado o acidente, mas os responsáveis pelainvestigação não descartam essas hipóteses –nem as possibilidades de falha humana e de problemas meteorológicose na pista.