Envolvimento de adolescentes com drogas representa 80% dos casos atendidos por promotoria no DF

04/08/2007 - 17h02

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O consumo e o tráfico de drogas envolvendo crianças e adolescentes são os principais problemas enfrentados pela Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude e pelos Conselhos Tutelares no Distrito Federal. De cada dez casos atendidos, oito (80%) são refentes ao uso ou venda de drogas. O alerta foi feito hoje (4) pela promotora Leslie Marques de Carvalho, que atua na área, durante o 8º Encontro da Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude e Conselhos Tutelares, promovido pela Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Esses atendimentos, acrescentou, incluem práticas de atos infracionais (roubos, furtos, violência, etc.), violação dos próprios direitos do menor por parte da família, da sociedade e do poder público, e casos envolvendo drogas. “Os jovens começam vendendo a droga por necessidade de também consumir. É raro ver um adolescente que apenas repassa e não faz uso", afirmou. Para combater os narcotraficantes e ainda tentar evitar que crianças e adolescentes façam uso de drogas ou sejam cooptadas pela criminalidade, Leslie Carvalho informou que a Promotoria tem buscado uma aproximação com outros setores dentro do Ministério Público, como a área criminal e de entorpecentes, e a própria polícia. “Quando identificamos adolescentes que se envolvem com uma prática infracional ligada ao tráfico de drogas, e eles mencionam nomes e locais, imediatamente acionamos não só a polícia, mas também as próprias promotorias de Justiça para que possamos atuar de forma articulada”, explicou.

A promotora lembrou que não apenas a oferta fácil de drogas leva crianças e adolescentes a essa vulnerabilidade – o fato de ficarem "ao largo da atenção dos pais" os deixa mais expostos.

“Muitos vão para o mundo das drogas porque na adolescência é comum um conflito existencial, mas quando há conflitos familiares mais exacerbados, isso também favorece essa busca pela alienação que as drogas provocam”, apontou. Ela também advertiu que "impor limites não significa agir com violência, mas sim expor um exercício natural da autoridade da família por meio do respeito à própria criança e ao adolescente”.