Revista Veja aponta, e PF nega, arbitrariedades em depoimento de repórteres

31/10/2006 - 22h40

Rodrigo Savazoni e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Três jornalistas da revista Veja foram ouvidos hoje (31) na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Eles teriam sido chamados a colaborar em um inquérito que apura a veracidade de um encontro entre Gedimar Passos,  preso há cerca de um mês com dólares e reais que seriam utilizados para a compra de um dossiê contra políticos tucanos, e Freud Godoy, ex-assessor da Presidência da República, na carceragem da PF em São Paulo. A denúncia do encontro foi publicada pela revista em sua edição 1978, sob o título “Operação Abafa”.Em nota, divulgada à noite, a PF informa que os depoimentos dos jornalistas Marcelo Carneiro, Júlia Dualibi e Camila Pereira foram tomados pelo delegado Moysés Eduardo Ferreira e pela Procuradora da República, Elizabeth Mitiko Kobayashi. De acordo com editorial publicado na página da revista na internet, os jornalistas, no entanto, não foram ouvidos na “qualidade de testemunhas, mas de suspeitos”. A publicação afirma que foram cometidos “abusos, constrangimentos e ameaças”, naquilo que a revista qualifica de “ataque à liberdade de expressão”. De acordo com a PF, porém, “os questionamentos às testemunhas foram feitos normalmente pelo delegado e em seguida pela Procuradora da República e versaram exclusivamente sobre os fatos constantes da matéria da Veja, como seria cabível em semelhante apuração”. O órgão também informa, no texto publicado em sua página oficial, que, durante o depoimento, os repórteres não manifestaram “contrariedade ou discordância” e que a conotação de arbitrariedade causou “surpresa” à instituição.Em seu editorial, Veja também afirma que os repórteres foram impedidos de consultarem a advogada que os acompanhava, Ana Dutra, e que a repórter Júlia Duailibi foi “impedida” de conversar com o repórter Marcelo Carneiro. O assunto foi tema de embate no Senado Federal. De acordo com a líder do Partido dos Trabalhadores (PT), senadora Idely Salvatti (SC), não houve qualquer intimidação ou violência cometida contra os jornalistas. As informações foram repassadas à senadora pelo Superintendente da PF, Paulo Lacerda. “Não teve constrangimento nenhum. Não teve qualquer tipo de pressão. A Polícia Federal apenas tomou as providências devidas”, disse. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), repudiou o ocorrido. “O presidente reeleito, portanto, começa mal. O hábito do caximbo entortou-lhe a boca. Ainda é tempo de refletir e recuar”, afirmou, por meio de nota distribuída no parlamento. “Arbítrio neste país nunca mais”, complementou.